Carnaval no fim (para a maioria, alguns emendam com a Semana Santa), começa o ano novo. 2023 promete! Como outros tantos anos, ou todos os tantos outros anos, sempre prometeram, a questão é se cumprem. Nesses quase dois meses de pré-ano, muita coisa aconteceu, por isso…
…quando 2023 começar, a Guerra da Ucrânia, que é mais na Ucrânia que da Ucrânia, terá completado um ano. Em meio aos milhares de mortes, aos milhões de tiros e aos zilhões de investimentos em especuladores bélicos, a pergunta que também faz aniversário é “pra quê?”. Esse negócio de guerra, tão retrô, ainda existir é um pouco de falta de estudo (ou um excesso de cobiça). Fato é que a Guerra da Ucrânia serviu de pretexto pra muitos problemas brasileiros, nenhum dos quais era de responsabilidade do Bolsonaro, mas que começarão 2023 como responsabilidade do Lula.
…quando 2023 começar, será como em 2022, 2021, 2020… e tantos outros anos: com chuvas de verão. Quer no litoral paulista ou na região serrana fluminense, ela chega e vem lavando o que encontra: morro sem vegetação, crescimento urbano desordenado, dilapidação do espaço natural e gente, muita gente. Longos e constantes trabalhos de proteção e conscientização poderiam ter sido feitos, mas como o ano ainda não havia começado, do mesmo modo que nos anteriores, muitas famílias começam o ano menores.
…quando 2023 começar, alguns executivos municipais entrarão no último ano do governo, porque no seguinte o foco já é a campanha. Prefeitos candidatos à reeleição começarão a última chance de mostrar serviço, no que vale pensar em trocas de secretariado aliando competência com capacidade de ouvir. Os que estão fazendo o bom trabalho ou pelo menos acreditam nisso, muitas vezes apenas pela fé, se manterão do mesmo jeito.
…quando 2023 começar, o Zema terá passado da metade do período em que se espera que ele governe, a não ser que consiga dar no estado o golpe que os bolsonaristas não conseguiram dar no Estado. A expectativa, mesmo sem golpe, é de que o governador ultrapasse as estatísticas do período colonial nas vendas de riquezas das Minas Gerais.
…quando 2023 começar, o Big Brother está rolando faz tempo!
…quando 2023 começar, o Brasil ainda não terá abolido a escravidão, mesmo 135 anos depois da Lei Áurea. Menos ainda estará longe do racismo, mas há ainda muitos bebendo vinho extraídos por mãos que não seguram uma carteira assinada. E esse é só um exemplo.
…quando 2023 começar, será, com escreveu Vinicius de Moraes, impossível fugir a essa dura realidade. Se antes, por anos, os bares estavam repletos de homens vazios, no novo ano (promessa de campanha do presidente eleito) todos os namorados estarão de mãos entrelaçadas. E, se os maridos não funcionarem regularmente, o importante é que as mulheres estejam atentas, todas, para que sempre seja feita justiça.
…quando 2023 começar se inicia também a vacinação com a bivalente, contra Covid. Mais eficaz que as doses anteriores, a campanha vem também com outra aplicação de excelência: vacina desta vez quem já tomou pelo menos duas doses de vacinas anteriores. O exercício de conscientização, ao contrário do movimento antivacina, não busca matar pessoas, mas conscientizá-las, e para isso irão para o cantinho do pensamento: o final da fila.
…quando 2023 começar, muita gente estará caminhando mais leve pelas ruas, de cabeça erguida e com a certeza de que a esperança venceu o medo. Muita gente tem medo da esperança e por isso seguirá armada e armando contra a democracia, mas cabe à esperança investir nos lugares certos (Educação, Cultura) para que o medo perca o medo.
