O Lula prometeu picanha, mas o Flávio Dino embarcou no confit de canard que tá uma beleza. Corre até o boato de que ele não vai ser mais chamado para audiências no Senado e na Câmara. Como assim!? Ficaremos sem o grande Vingador dentre os heróis do governo Lula? Os vendedores de pipoca estão em polvorosa, vai cair o consumo.
O brasileiro também está comendo mais pipoca. Desde que um deputado citou um torturador numa sessão da câmara que muito pipoqueiro transformou o carrinho em Uber. O congresso estava sem graça e sem emoção. Agora o queijinho tá fritando solto novamente.
A capacidade de retomar o nível minimamente decente das discussões no Planalto Central já valeu o resultado da eleição. E mesmo que o Lula tenha dado umas escorregadas no politicamente correto, pelo menos tem assessoria e foram escorregadas, não uma moagem de grãos e capim lançada ao gado no cercadinho.
O Lula ficou muito bem sendo privilegiado pelo Rei Charles III na fila dos cumprimentos, sem precisar fazer campanha ao passar pela Inglaterra, como o antecessor, que confundiu sepultura de rainha com palanque eleitoral. Por aqui, a equipe ministerial vai cuidando bem do vernáculo.
Quando o professor Fernando Haddad fala, dá gosto ouvir, mesmo para quem discorda da política econômica, que talvez coubesse bem num governo do Fernando Henrique, que nem tão distante assim é do Lula, sobretudo quando o outro parâmetro é a ultradireita.
O Silvio Almeida é outra sumidade discursiva. Fala bem e fala para todo mundo, inclusive em post do Mano Brown. Porque é isso que deve fazer um governo: falar para todo mundo. O governo que fala somente para os seus é mais apegado ao cânone religioso do que à democracia.
De volta ao Flávio Dino, ele tem indignado bastante os seguidores do pato sulista. Há quem diga que o Moro falava tão bem antes… Quando ele era o dono da bola podia até parecer, porque falava sozinho, mas bastava colocar um ex-presidente na frente que ele tomava peteleco. Dino foi logo para o Haduken e teve sequências de Finish Him, só possíveis porque o mal jogador tinha muitas fichas e insistiu nos Continue.
As galinhas que acompanham o pato devem estar sentidas e têm lamentado bastante nas redes sociais. Nos gabinetes também, ainda mais depois de terem descoberto que a terra plana foi vista redonda pelo astronauta. Em breve surgirão questionamento às lentes da Nasa. Enquanto isso, o choro é livre.
O que muita gente pode descobrir é que nada disso é novidade. A internet tem memória, o usuário pode perguntar para ela. Dino, Haddad e Almeida falavam, escreviam e até tocavam guitarra (Dino não) bem muito antes de se tornarem parte do governo Lula. Conhecer o histórico das pessoas é possível e poderia ter evitado problemas para o país nos últimos anos.
Se tudo der errado no governo Lula, e dar errado significa voltar à estaca zero depois de um governo negacionista negativista, pelo menos a salubridade das falas oficiais terá sido restaurada. O academicismo retoma respeito, a cultura popular se retorna presente, as referências ao que acontece no mundo real tornam os discursos críveis e, sobretudo, o amparo se faz na verdade.
Em meio a tantos patos, galinhas, gados e outras bestas, o Ministério do Meio Ambiente deveria conversar com o da Justiça para saber quais tipos de animais devem ser criados soltos e quais mantidos em ambientes fechados. A luta continua.