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Zema comanda comitiva de Bolsonaro em Juiz de Fora e eleva o tom contra o PT

O presidente Jair Bolsonaro falou para apoiadores ao lado do governador Romeu Zema na Praça da Estação (Foto: O Pharol)

Quando o governador Romeu Zema (Novo) declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, ele estava falando sério mesmo. A performance do mandatário mineiro nesta segunda fase da eleição presidencial tem surpreendido até mesmo os aliados de Bolsonaro. “Ele (Zema) não trabalhou assim nem para sua reeleição”, disse um secretário de estado.

Na passagem do presidente por Juiz de Fora, nessa terça-feira (18), Zema foi o principal protagonista do evento com lideranças políticas e religiosas no hangar do Aeroporto da Serrinha e depois voltou a roubar a cena no comício na Praça da Estação. Seu empenho acabou lhe rendendo um afago de Bolsonaro: “Nosso futuro está aqui do meu lado”.

O sonho de ser o candidato bolsonarista à Presidência da República em 2026, segundo informou a jornalista Bela Megale, de O Globo, esteve na mesa quando Zema acertou o apoio ao presidente no segundo turno. O aceno sobre o futuro soou como música para o governador, que retribuiu no mesmo tom ao dizer que “os próximos 12 dias irão definir o futuro do país”.

Esse futuro defendido por Zema passa pelo não retorno do PT ao poder. Durante toda sua passagem por Juiz de Fora, ao lado do Bolsonaro no período da tarde e sozinho pela manhã, o governador sempre elevou o tom para tratar do PT. “PT e mineiro nunca foi uma mistura que deu certo. Minas não aceita PT. É um partido que não combina conosco.”

Especificamente em relação a Juiz de Fora, ele chegou a culpar o PT pelo fracasso da produção de automóveis pela Mercedes-Benz no município. A primeira geração do Classe A começou a ser produzida em 1999 e saiu de linha em 2005, no primeiro governo Lula. Os analistas sempre atribuíram o fracasso do modelo à sua baixa aceitação no mercado brasileiro e ao câmbio desfavorável.

O câmbio desfavorável também foi um dos motivos apontados pela Ford em sua decisão, anunciada em janeiro de 2021, no atual governo Bolsonaro, de encerrar a produção de veículos no Brasil. A montadora também alegou “pressão adicional causada pela pandemia” de covid-19. Cerca de 5 mil empregos diretos foram perdidos e outros tantos indiretos.

Zema também fez menção ao Hospital Regional de Juiz de Fora quando tratou do mau legado do PT para Minas Gerais. Acontece que quando as obras do empreendimento foram iniciadas, em agosto de 2010, era governador do estado Antônio Anastasia (PSDB) e a construção foi repassada para responsabilidade de execução do município, então comandado pelo ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB).

Bolsonaro retoma mote de “segunda cidade natal”

Sempre ao lado do governador Romeu Zema, o presidente Jair Bolsonaro endossou as críticas ao PT, mas preferiu se valer da pauta dos costumes, que não chegou a ser mencionada pelo mandatário mineiro. Bolsonaro voltou a afirmar que há dois lados e que o seu é o da família, do respeito à vida e à religião.

Tanto no Aeroporto da Serrinha quanto na Praça da Estação, o presidente iniciou seus pronunciamentos citando Juiz de Fora como sua segunda cidade natal, pois aqui, segundo ele, foi lhe dada uma segunda chance após o atentado sofrido em 2018. Bolsonaro aproveitou a comemoração do dia do médico para agradecer aos profissionais que o atenderam no município.

O principal apelo feito pelo presidente foi para seus apoiadores conseguirem votos dados a outros candidatos no primeiro turno e votos dos eleitores que não foram às urnas. O mesmo pedido foi feito pelo governador, pelo senador Carlos Viana (PL) e o senador eleito Cleitinho (PSC), além dos deputados presentes, entre eles, Charlles Evangelista (PP), Lafayette Andrada (Republicanos), Delegada Sheila (PL), Noraldino Junior (PSC) e a deputada eleita Ione Barbosa (Avante).

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