
A Consulta Pública “FALA, JF” 2025, realizada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora, revela que a população participante mantém foco quase inalterado em problemas considerados essenciais do cotidiano urbano. Saúde, Educação, Segurança e Transporte concentram a maior parte das demandas e aparecem como prioridades em todas as regiões da cidade, indicando dificuldades estruturais persistentes nesses serviços.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Saúde lidera o ranking de áreas prioritárias, reunindo 24,67% dos votos. Dentro do setor, a principal queixa está relacionada ao acesso: aumento da oferta de consultas médicas e ampliação do número de profissionais nos equipamentos públicos somam mais de dois terços das preferências. O dado reforça a percepção de sobrecarga da rede municipal e dificuldades recorrentes enfrentadas pela população para conseguir atendimento.
A Educação aparece em segundo lugar, com 19,57% dos votos. Diferentemente de demandas voltadas a obras ou expansão física, quase metade das escolhas dentro da área se concentrou na “melhora da qualidade da educação de uma forma geral”. O resultado sugere insatisfação que vai além da infraestrutura escolar e aponta para questões pedagógicas, gestão da rede e valorização dos profissionais.
Em terceiro lugar, a Segurança obteve 16,42% dos votos. O destaque ficou para o combate ao uso de drogas, que liderou com ampla vantagem dentro da área. A preferência indica uma associação direta feita pelos participantes entre insegurança urbana e a presença do tráfico e do consumo de drogas, além de uma expectativa por ações mais imediatas e visíveis do poder público.
A área de Transporte, Mobilidade e Trânsito ficou na quarta posição, com 12,49%. As principais demandas envolvem aumento e manutenção da frota de ônibus, evidenciando a insatisfação dos usuários com a qualidade do serviço. Temas como ciclovias e novas linhas tiveram menor adesão, sugerindo que, diante de um sistema considerado deficiente, a população prioriza soluções emergenciais para o deslocamento diário.
Outras áreas apresentaram menor peso relativo, mas revelam problemas crônicos. Em Obras Públicas, prevaleceram pedidos por manutenção urbana, como tapa-buracos e melhorias na drenagem para evitar enchentes. Já em Meio Ambiente e Sustentabilidade, a limpeza de terrenos, ruas e córregos concentrou quase um terço das escolhas, indicando que a pauta ambiental ainda é percebida majoritariamente sob a ótica da zeladoria básica.
As áreas de Cultura e Esporte e Lazer figuraram entre as menos votadas. Quando escolhidas, porém, os participantes priorizaram eventos e incentivo direto, em detrimento da implantação ou melhoria de equipamentos permanentes. O resultado reflete a hierarquização das urgências em um contexto de carência nos serviços essenciais.
A análise regional dos dados mostra poucas variações no ranking das prioridades. Saúde e Educação lideram em todas as regiões e distritos, seguidas por Segurança e Transporte. As diferenças aparecem apenas em ênfases específicas: regiões periféricas e distritos apresentam maior peso para Segurança e Obras Públicas, enquanto áreas mais urbanizadas destacam o Transporte.
No conjunto, os resultados da consulta pública indicam uma percepção generalizada de que problemas históricos seguem sem solução efetiva. Mais do que revelar novas demandas, a pesquisa reforça um diagnóstico recorrente: a população continua cobrando respostas básicas do poder público para áreas que, ano após ano, permanecem no centro das insatisfações.