Um ônibus com bolsonaristas deixou Juiz de Fora na última semana com destino a Brasília onde o grupo participaria das manifestações antidemocráticas marcadas para domingo (8). O anúncio nas redes sociais previa passagem ida e volta ao custo de R$ 344, com saída na sexta-feira (6) e retorno na terça-feira (10). O Pharol conseguiu confirmar a realização da viagem, mas não obteve informação quanto à situação atual dos viajantes.
Os atos dos bolsonaristas em Brasília terminaram com a invasão e a depredação criminosas de prédios públicos, como o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que, durante a ação policial, cerca de 40 ônibus foram apreendidos por terem sido usados para transporte dos invasores. Ao todo. 1.500 pessoas que participaram dos ataques foram detidas.
Ainda não foi possível confirmar com exatidão quantos juiz-foranos foram presos, bem como se o ônibus que partiu de Juiz de Fora foi apreendido. Nessa segunda-feira (9), o jornalista Ricardo Ribeiro, do Portal Acessa, informou que dois bolsonaristas da cidade estavam entre os detidos pelas forças policiais. Parentes procuraram lideranças políticas do município para pedir ajuda para tentar libertá-los.
Em um perfil bolsonarista no Twitter, um homem supostamente de Juiz de Fora escreve que “Nossa galera juizforana chegando seguros com Deus em Brasília”. Ele mostra caravanas de outros estados também chegando na capital federal e, ao final, manda um recado para os patriotas juiz-foranos que estariam em frente ao quartel no bairro Mariano Procópio.
O coordenador do movimento “Direita Vive”, Marcelo Erbele Motta, conhecido como Marcelo Mito, aparece em vários vídeos no momento em que os invasores se dirigem ao Congresso Nacional. Ele chega a reclamar da ação das forças policiais, que utilizam bombas de efeito moral para conter a invasão e a depredação, mas assegura que não irá recuar e que o “Congresso está tomado e nós não vamos sair.”
Os invasores presos em flagrante no domingo (8) em Brasília serão indiciados pela Polícia Federal por suspeita de crimes cometidos nos atos de vandalismo. Informações divulgadas pelo jornal Folha de São Paulo mostram que cerca de 1.000 bolsonaristas serão levados para o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. Os financiadores das caravanas também serão acionados judicialmente.
Vários perfis em redes sociais começaram ainda no domingo com ações colaborativas para identificar manifestantes golpistas que participaram das invasões. O Ministério da Justiça divulgou o email denuncia@mj.gov.br para que cidadãos possam passar informações sobre pessoas que participaram dos ataques extremistas.
Até essa segunda-feira (9), o perfil Contragolpe Brasil no Instagram já havia reunido imagens de 160 pessoas supostamente presentes aos atos de vandalismo que receberam milhares de comentários na busca por identificá-las. Entre as pessoas identificadas estariam manifestantes golpistas de Juiz de Fora e de cidades da Zona da Mata.
A Agência Lupa, que é voltada para a checagem de informações, também criou um banco de dados de postagens antidemocráticas em texto, imagem e vídeo. O material pode ser enviado anonimamente e será reunido, mapeado e avaliado para que sejam identificadas as postagens relacionadas à convocatória para os ataques ocorridos no domingo em Brasília.