Conjuntura

Por que a maioria dos vereadores de Juiz de Fora quer mudar de partido?

Dança das cadeiras: fusões, federações e viabilidade da chapa devem fazer maioria dos vereadores trocar de partido (Foto: Câmara JF)

Dos 19 vereadores da Câmara de Juiz de Fora, apenas seis devem permanecer nos seus atuais partidos até as eleições de 2024. Embora a chamada “janela partidária” se abra apenas no início de abril do próximo ano, as mudanças estão em andamento. O principal critério, senão o único, é a busca pela melhor chapa para concorrer à reeleição.

Alheios às trocas, André Luiz (Republicanos), Cida Oliveira (PT), Laiz Perrut (PT), Sargento Mello (PTB), Tallia Sobral (PSOL) e Vagner de Oliveira (PSB) seguem para as eleições nos partidos pelos quais foram eleitos em 2020. A única mudança deve ocorrer em relação ao Sargento Mello, que vai concorrer pelo Mais Brasil, que nasceu da fusão entre PTB e Patriota.

A fusão partidária, aliás, é uma das condições que permitem mudanças de partido fora da “janela partidária” sem risco de perda de mandato. Caso Sargento Mello quisesse procurar um novo caminho, estaria liberado. O mesmo vale para os vereadores João Wagner (PSC) e Bejani Júnior (Podemos).Tão logo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) oficialize a incorporação do PSC pelo Podemos, eles podem se filiar a outros partidos.

Bejani Júnior ainda não definiu se permanecerá na legenda após a fusão. Ele foi convidado por alguns dirigentes partidários, mas quer aguardar mais algum tempo antes de bater o martelo. João Wagner tem conversas com o MDB. O partido, que sempre fez as maiores bancadas na Câmara Municipal, quer retomar o protagonismo e não colocou obstáculos para receber vereadores e ex-vereadores.

O MDB é apontado também como possível destino para Juraci Scheffer (PT). Após disputar internamente uma vaga de deputado federal com Ana Pimentel (PT), que foi eleita, o vereador se considerou desprestigiado pela prefeita Margarida Salomão (PT) e pelo próprio PT. Como não bastasse, a federação com o PV e PCdoB aumenta e muito a disputa no interior da chapa.

A formação das federações, que forçam os partidos a terem atuação conjunta inclusive nas eleições por ao menos quatro anos, se tornou sinônimo de risco para os vereadores. No caso da federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB), além de Juraci, quem também deve desembarcar é o atual presidente da Câmara, Zé Márcio Garotinho (PV). Ele ainda não definiu um novo destino, mas sua permanência é improvável.

Em caminho contrário, o PV deve receber o vereador Julinho Rossignoli (PP) e sua mãe, a ex-vereadora Ana do Padre Frederico. O outro vereador do PP, Marlon Siqueira, também busca uma nova legenda para disputar a reeleição. Ele iniciou tratativa com o Avante, da deputada federal Ione Barbosa.

As saídas de Julinho e Marlon, entre outras questões, envolvem também o recente anúncio da formação de uma federação entre PP e União Brasil. A necessária atuação conjunta dos dois partidos nas eleições de 2024, inclusive com a mesma chapa de vereadores, deve ter impacto também no futuro dos três representantes do União Brasil: Maurício Delgado, Pardal e Antônio Aguiar. A depender dos rumos da composição, eles pulam fora.

Cido Reis (PSB) e Kátia Franco (Rede), que trocaram de legendas em 2022, dificilmente vão se manter onde estão. A permanência da vereadora na Rede é considerada improvável por conta da acirrada concorrência com Negro Bússola, que, embora não eleito, vem registrando bons desempenhos eleição após eleição. O partido ainda é federado com o PSOL, da vereadora Tallia Sobral.

Depois de uma estadia curta na Rede, por onde concorreu a deputado estadual em 2022, Cido Reis retornou ao PSB e, ao que tudo indica, deve manter seu mandato na Câmara Municipal. Como segue com o projeto de chegar à Assembleia de Minas Gerais, sabe que, em 2024, deverá escolher um partido que lhe reconduza à vereança e, de quebra, viabilize uma nova investida para deputado. Se será o PSB, só o tempo dirá.

Com futuro partidário definido, Tiago Bonecão (Cidadania) aguarda apenas a “janela partidária” se abrir para se filiar ao PSD. Ele tem acordo com o deputado federal Luiz Fernando Faria (PSD) para assumir a condução do partido em Juiz de Fora. Sua chegada ao PSD deve coincidir com a saída vereador Nilton Militão (PSD), que tem conversa com o PSB. Nesse caso, entretanto, a definição ficará para o próximo ano.

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