
Juiz de Fora recebe nesta quinta-feira, 31 de julho, a aguardada estreia de “O Silêncio das Ostras”, a primeira obra de ficção do cineasta juiz-forano Marcos Pimentel. Protagonizado por Bárbara Colen e Lavínia Castelari, o longa-metragem não é apenas um drama familiar, mas um poderoso filme-denúncia que mergulha nas consequências ambientais e humanitárias da mineração desenfreada, incorporando imagens reais das tragédias de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais. A sessão de estreia será seguida por um bate-papo com o diretor, oferecendo ao público uma oportunidade única de aprofundar a discussão sobre os temas abordados.
“O Silêncio das Ostras” tem sido aclamado pela crítica nacional e internacional, destacando-se na 26ª Edição do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. A obra de Pimentel, que também assina o roteiro, aborda uma realidade frequentemente silenciada no Brasil: o impacto devastador das mineradoras na vida de comunidades e no meio ambiente.
O filme narra a história de uma família humilde em um vilarejo dominado pela mineração na região de Brumadinho. A trama é vista pelos olhos de Kaylane, a caçula de cinco irmãos, que cresce em meio a perdas e despedidas. Sua mãe, Cleude (interpretada por Sinara Telles), é uma mulher marcada pela vida, uma “viúva de um marido vivo”, incapacitado pelas condições insalubres de trabalho. A narrativa expõe a falta de futuro dos trabalhadores e moradores da região, evidenciando o ciclo vicioso imposto pela dependência econômica da mineração.
Marcos Pimentel descreve o filme como uma tentativa de “reabitar, reocupar e repovoar” os lugares devastados pela mineração. “A mineração roubou-lhes não somente o solo, mas também a crença e a alma”, afirma o diretor. A produção, ambientada a partir da década de 80, mostra a exploração da natureza e a extração da vida, culminando em cenas reais dos rompimentos de barragens em Minas Gerais. Estes desastres, que completam 10 anos da tragédia do Fundão e seis anos da tragédia em Brumadinho neste ano, resultaram na morte de 270 pessoas e no despejo de milhões de metros cúbicos de dejetos tóxicos, devastando uma área equivalente a centenas de campos de futebol e atingindo até o mar.
“‘O Silêncio das Ostras’ retrata uma tragédia que virou ficção de uma dor que ainda é real”, conclui Pimentel. O filme é um convite à reflexão sobre a resiliência humana e a necessidade de resistir em meio à destruição, um grito silencioso que ecoa a dor de um Brasil que ainda busca se curar das feridas abertas pela ambição desmedida.
“O Silêncio das Ostras” entra em cartaz em Juiz de Fora
Datas: de 31 de julho a 06 de agosto
Horário das sessões: 19h
Local: Cinemais Jardim Norte (Avenida Brasil, 6345 – Mariano Procópio – Juiz de Fora)