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 “Predestinado” e “Marte um” mostram a força do Polo Audiovisual da Zona da Mata

Cena do filme “Predestinado – Arigó e o Espírito Do Doutor Fritz” (Imagem: Divulgação)

Lugares de prosas despretensiosas e de experiências excepcionais, o interior mineiro tem muito mais o que revelar além de um bom cafezinho. O filme “Predestinado – Arigó e o Espírito do Doutor Fritz”, após duas semanas de lançamento, é um sucesso de bilheteria. Já “Marte um” se tornou o indicado do Brasil para o Oscar de melhor filme internacional em 2023.

De Minas Gerais para o mundo, o que essas produções têm em comum? Além de serem produzidas por mineiros, mais um spoiler: elas mostram que o cinema montanhês está em seu im(pulso). 

Subvertendo o modelo tradicional de distribuição dos filmes independentes, apresentados primeiro em mostras e festivais, o longa “Predestinado”, com produção cinematográfica do Polo Audiovisual da Zona da Mata e direção de Gustavo Fernández, foi direto para 650 salas de cinema de todo o país. A obra alcançou somente na primeira semana em cartaz mais de 150 mil pessoas, o que marca uma retomada importante para o cinema nacional.

O filme conta a história de Zé Arigó, considerado um dos maiores médiuns do mundo. Mineiro de Congonhas, ele gerou polêmica ao realizar cirurgias espirituais em uma época que o espiritismo não era muito difundido no país. 

Outro filme mineiro em destaque é o drama “Marte Um”, com direção de Gabriel Martins, que conta a história da família de Deivinho, um jovem que deseja ser astrofísico e participar de uma missão de colonização do planeta Marte. A trama é ambientada em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.

Cesar Piva, diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, compartilha com entusiasmo a indicação de “Marte Um” a uma categoria do Oscar e conta como começou a parceria com os realizadores do filme.

Segundo ele, em 2019, “Marte Um”, representado pela empresa distribuidora Embaúba Filmes, ganhou recursos do edital “Coinvestimentos Regionais” na categoria Comercialização de Longa Metragens para Cinema. A chamada pública foi uma iniciativa da Ancine em parceria com o Polo Audiovisual da Zona da Mata.

Cultura como matriz de novos ciclos

Dos sofás de casa às cadeiras do cinema, depois de muito tempo assistindo filmes somente pelas plataformas de streaming, o público está voltando, cada vez mais, a marcar presença nas sessões de cinema. Em uma via de mão dupla, os cinemas também estão tentando atrair novamente o público, com promoções que vão dos filmes às pipocas. 

De acordo com Cesar Piva, vivemos em um momento híbrido, entre salas de teatro, shows e as produções online. “O que é também um desafio”, explica ele. “Nós temos uma plataforma própria, mas uma batalha existente hoje é a da regulação das plataformas digitais no Brasil, de forma que elas estejam expressando a diversidade cultural que nós temos.” completou. 

Com 12 anos de existência, o Polo de Audiovisual leva a reflexão da potencialidade da cultura para os mais diversos setores. “As pequenas e médias cidades devem investir no audiovisual, todas as regiões possuem a sua beleza e singularidade” enfatiza Cesar Piva. 

No filme “Predestinado”, 90% das gravações foram feitas em Cataguases e Rio Novo, o que promoveu a geração de renda e empregos nas regiões. Sobre esse retorno para a cidade, Piva destaca o importante papel de desenvolvimento de uma economia criativa e do aproveitamento dos qualificados profissionais dos mais diversos lugares. 

“O setor cultural deve ficar cada vez mais engajado com prefeituras e empresas”, avalia Cesar, que aposta nas parcerias como base para o fomento da cultura na sociedade. Ele ainda define como trabalho coletivo o movimento para tornar a cultura uma matriz de novos ciclos. 

* Estagiária sob supervisão de jornalista profissional.