ConjunturaContexto

Passageiros trocam ônibus por veículo próprio e carros de aplicativos

A Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana 2024, realizada pela CNT (Confederação Nacional de Transportes) em parceria com a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), revela uma queda no uso do transporte público coletivo em favor de veículos próprios e serviços de aplicativos como Uber e 99. O estudo, que entrevistou responsáveis por 3.117 domicílios em cidades com mais de 100 mil habitantes, mostra uma redução no uso do transporte coletivo e um aumento na preferência por alternativas individuais em todas as classes sociais.

Apesar de ainda ser o meio de transporte mais utilizado nos grandes municípios brasileiros, com 30,9% das respostas, o ônibus viu sua participação cair significativamente em comparação a 2017, quando representava 45,2% dos deslocamentos. Em contrapartida, o uso do carro próprio subiu de 22,2% para 29,6%, e o uso de motocicletas dobrou, passando de 5,1% para 10,9%.

Outro destaque da pesquisa é o crescimento do uso de serviços de transporte por aplicativo, que saltou de 1% em 2017 para 11,1% em 2024. O deslocamento a pé permaneceu estável em 21,6%, assim como o uso do metrô, com 4,2%. Esses dados indicam uma migração expressiva das viagens via transporte coletivo para alternativas individuais, que agora representam 68,3% dos deslocamentos, em comparação com 50,2% em 2017.

A substituição do ônibus por outros meios de transporte foi atribuída principalmente ao preço elevado da tarifa (39,5%), à falta de conforto (28,7%), à pouca flexibilidade dos serviços (20,7%) e ao longo tempo de viagem (20,4%). Para os entrevistados, os aplicativos de transporte resolvem esses problemas. Outros fatores mencionados como desvantagens dos ônibus incluem a insegurança e a frota antiga.

A pesquisa também registrou aumento da demanda por conforto e sustentabilidade. Para 57% dos entrevistados, é razoável pagar mais para viajar sentados. Já 52,6% aceitariam uma tarifa diferenciada por veículos menos poluentes, e 32,1% pagariam mais por ônibus elétricos. A maioria (81,7%) é favorável a subsídios para o transporte público, sendo que 59,9% apoiam subsídios universais (“tarifa zero”), enquanto 21,8% preferem subsídios para grupos específicos.