
“Deixa-me ir com o senhor?” “Posso chegar perto dele só para cumprimentá-lo?” “Como eu gostaria de beijar-lhe a mão e pedir que me abençoasse!” “Peça a ele uma bênção para mim e minha família.” “Fale com ele que o amo muito desde sua primeira aparição em público e me sinto seguro com suas palavras na Basílica de São Pedro, logo após a alvissareira fumaça branca.”
Essas foram as expressões que mais ouvi, desde o momento da confirmação de minha audiência pessoal com Leão XIV, entre muitas outras carregadas de carinho filial, de afeto fraternal. Todas elas nascidas de corações fiéis a Cristo, amorosos à Igreja e plenos do amor de Deus. Como eu gostaria de poder atender a todas!
Estive pessoalmente com ele no dia 1º de julho do corrente ano de 2025, às 9 horas da manhã, na Casa Pontifícia, há pouco menos de dois meses de sua eleição, que se deu num conclave precedido pelas várias congregações dos Cardeais notadamente marcadas pela oração, pela escuta atenta da Palavra de Deus, pela meditação, pela reflexão sobre as principais necessidades da Igreja e do mundo na hora atual, num clima de diálogo e sincera busca da paz.
Para saudá-lo, levei comigo três padres estudantes em Roma: Pe. Lucas Moreira Reis, meu sobrinho, da Arquidiocese de Belo Horizonte; Pe. Emerson de Assis Braz, da Arquidiocese de Juiz de Fora; e Pe. Bruno Millioni, da Arquidiocese de Mariana. Foi emocionante vê-lo pela primeira vez. Vestido de branco, ar sereno e leve sorriso no rosto, disse palavras de simpática acolhida. Após a oferta de alguns singelos presentes e a saída dos padres e dos fotógrafos, tive um diálogo pessoal e muito fraterno com aquele que antes era um missionário Agostiniano no Peru, depois Prefeito do Dicastério para os Bispos por dois anos e agora é Sucessor de Pedro na condução apostólica da Igreja de Cristo.
A primeira finalidade da visita foi manifestar minha saudação, em meu nome e da minha centenária Arquidiocese juiz-forana, nossa adesão ao seu pontificado, nossa expressão de fidelidade ao seu Magistério e felicitações pela sua eleição de forma tão rápida, expressão clara da ação do Espírito Santo. Além de outros temas, apresentei minha carta pessoal, comunicando que completarei 75 anos de idade em outubro próximo, quando, com gratidão, disposição de alma e alegria no coração, cumprirei o que pede o Direito Canônico, em seu artigo 401, & 1, que é a entrega do ofício episcopal ao Sucessor de Pedro, quando os bispos completam 75 anos. Não se trata, portanto, de renúncia por qualquer motivo particular, mas simplesmente o cumprimento de uma norma canônica, que no meu entender é mais que justa. Pedi ao Santo Padre, se possível, celeridade na minha sucessão, dado os problemas de saúde que tenho e que, no processo de envelhecimento, podem prejudicar a administração ideal para a Arquidiocese. A entrega desta carta foi muito mais um gesto simbólico, pois os trâmites práticos e canônicos serão através da Nunciatura Apostólica que passará a documentação ao Dicastério para os Bispos no momento próprio. Também pedi ao Santo Padre uma especial atenção a algumas causas de canonização que interessam à nossa região, como a do Venerável Dom Antônio Ferreira Viçoso, a da Beata Isabel Cristina e as causas iniciais em fase diocesana, que são as do Monsenhor Marciano Bernardes, de Santa Rita de Jacutinga e a do Monsenhor Otaviano José de Araújo, de Santo Antônio do Monte. Entreguei a ele também um pequeno dossiê sobre a nossa querida jovem Maria Eduarda, conhecida por Duda, que faleceu em odor de santidade em janeiro passado, pois julgo que, depois do tempo regulamentar de 5 anos após a morte, seria importante iniciar um processo de beatificação.
Quanto à minha impressão a respeito do novo Papa, posso dizer que três características me chamaram à atenção: sua serenidade espiritual de um homem de Deus, sua segurança teológica e moral, sua consciência a respeito das necessidades atuais da Igreja, seja internamente, seja em relação aos grandes problemas do mundo hodierno. Em suas liturgias, notei uma atitude de total fidelidade ao Concílio Ecumênico Vaticano II, o que se expressa inclusive na utilização da férula de Paulo VI e de João Paulo II. Sabe colher o que foi positivo em todos os seus recentes predecessores, sabe acrescentar sua posição própria adquirida em sua forte experiência missionária no Peru, sua espiritualidade agostiniana e sua vivência na Cúria Romana.
Para mim, este contato pessoal com Leão XIV foi um imenso presente de Deus que expressa, mais uma vez, seu amor paternal para comigo, tão pequeno como sou, como acontece para com todos os que o desejam amar de coração sincero.