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Por que não se calam?

“Por que não te calas?” A pergunta, ecoando do Rei Juan Carlos para o verborrágico Hugo Chávez em 2007, ressurge agora, fantasmagórica, para assombrar o governador Romeu Zema.

Ah, Zema! O homem que, em 2018, emergiu do nada, um meteoro improvável na paisagem desolada de Minas Gerais, devastada pelos tucanos e pela melancolia pimenteliana. Ele, o outsider, o anti-herói, ascendeu ao poder, reeleito em 2022 com a placidez de um lago mineiro, intocado pelas tempestades nacionais.

Mas eis que a ambição, essa velha e traiçoeira amante, o picou. Zema, antes um sussurro discreto, agora grita aos quatro ventos sua candidatura à presidência, buscando holofotes que, até então, lhe eram estranhos. E nesse afã de se fazer conhecido, de flertar com o eleitorado bolsonarista mais radical, ele se perde.

Radicaliza o discurso, sim, mas o bolsonarista puro, esse ser mitológico, não o reconhece como um dos seus. E o pior, nesse movimento desesperado, Zema afasta o eleitor moderado, o centro, a razão. É a tragédia do jogador brasileiro que foi para a Itália: não aprendeu o italiano e, na volta, esqueceu o português.

Zema, meu caro, por que não te calas? A boca, às vezes, é um abismo. E o silêncio, uma virtude esquecida na balbúrdia política.