Polytheama

Juiz de Fora não vai perder o Museu Mariano Procópio, mas sua reabertura é incerta

(Intervenção sobre fotos: Camila Matheus)

“A narrativa de que, se não se respeitar os termos da escritura de doação, a cidade vai perder o Museu Mariano Procópio (Mapro) é descabida”. Quem afasta qualquer hipótese de transferência do maior espaço cultural de Juiz de Fora para outro município é a historiadora Carina Martins Costa. Professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com doutorado em história política e bens culturais, ela conhece bem o Mapro, onde desenvolveu pesquisas e atuou como chefe de departamento.

A permanência do patrimônio no município está assegurada no documento de doação. “Os bens são de Juiz de Fora e não sairão daqui. Não podem sair daqui, como não podem ser divididos. Isso foi amarrado pelo próprio Alfredo Ferreira Lage no termo de doação.” Como não bastasse, o alto custo de manutenção também inviabilizaria outros tipos de iniciativas. “A manutenção do espaço hoje é da ordem de R$ 250 mil mensais. Os mecenas não conseguem manter.”

A retórica do medo, segundo a professora, não faz sentido, como não ajuda em nada a resolver o principal problema do espaço, que é o retorno do público. “O fechamento envolve um cenário de desfinanciamento e muita precarização nacional. Especificamente aqui não há um planejamento para reabertura ou pelo menos não se tem acesso a esse planejamento.”

Quanto ao atual imbróglio, que, entre outras coisas, envolve o modelo de indicação do superintendente — por indicação do Conselho de Amigos do Museu ou por seleção pública a exemplo do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) —, ela considera a segunda opção, como quer a Prefeitura de Juiz de Fora, como o melhor caminho e não vê nisso afronta ao termo de doação feito por Alfredo Ferreira Lage.

Carina Martins conversou com o Spot, na última segunda-feira, para a terceira edição deste espaço de entrevistas com aqueles e aquelas que produzem cultura no Brasil de 2021. Aqui e agora, um pouco do nosso rico patrimônio histórico. Depois, teatro. Posteriormente, artes plásticas. E música. E dança. E performance. E literatura. Para que a realidade não nos destrua.