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Quem foi a artista Fayga Ostrower que tem acervo em exposição no MAMM

Fayga Ostrower foi pioneira em gravura abstrata no Brasil, além de teórica da arte, ajudou a difundir a técnica e o papel da mulher na arte brasileira (Foto: Acervo Instituto Fayga Ostrower)

Nascida na Polônia, em 1920, Fayga Ostrower foi pioneira na arte da gravura abstrata no Brasil. Todo seu trabalho é voltado para a xilogravura e a gravura em metal, com também importantes incursões na criação e pesquisa em tecidos e estampas. Ela morreu na cidade do Rio de Janeiro em 2001.

Como parte das comemorações do seu centenário, o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) apresenta de forma online uma mostra com 75 obras doadas ao MAMM pelo Instituto Fayga Ostrower.

Além de gravuras, aquarelas e desenhos, a exposição ainda oferece ao olhar do público outras doações que foram sendo incorporadas ao acervo da instituição ao longo dos anos. Há ainda obras do acervo do próprio Murilo Mendes, com quem Fayga Ostrower mantinha uma relação de amizade.

Pesquisadora, docente, teórica das artes visuais e escritora, seu trabalho foi analisado pelo poeta e escritor juiz-forano em texto publicado em catálogo de exposição da artista no Ministério da Educação e Cultura em 1956. O material, inclusive, faz parte do acervo doado por Anna Leonor e Carl Robert – filhos de Fayga Ostrower – ao MAMM.

“Fayga e Murilo foram grandes amigos. Em 2010, quando celebramos os 90 anos de nascimento de Fayga, fizemos uma bela exposição no MAMM. Em 2020, para o centenário, não tive dúvidas em incluir novamente o MAMM no programa de doação de obras de Fayga. Em anexo, envio uma carta contando como surgiu esse programa”, comenta Anna Leonor.

A importância de Fayga Ostrower

Ricardo Cristofaro, diretor o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), explica a relevância da artista para as artes. “O Brasil tem uma história com a gravura que atravessa o século passado. Essa história vem desde os anos de 1910, 1920. A gravura é praticada por importantes artistas da nossa história. Na Semana de Arte Moderna, a gravura se fez presente”.

A técnica é retomada mais tarde já com a presença de Fayga Ostrower. “E depois, quando chegam as tendências abstratas no Brasil, depois da década de 40, teremos importantes artistas gravadores, principalmente mulheres. A Fayga Ostrower é importantíssima, porque, além de ser uma das primeiras a fazer gravura abstrata no Brasil, é uma teórica da arte que ajudou enormemente a difundir esta técnica e o papel da mulher na arte brasileira”, exalta o diretor.

A exposição é a celebração do início das atividades do MAMM no ano de 2021 e está integrada à programação da 19ª Semana Nacional dos Museus (IBRAM). Segundo o analista cultural Paulo Alvarez, “o novo conjunto de obras de Fayga reforça a atual política de aquisição do MAMM e propicia renovados estudos e apresentações do universo da artista”. Em entrevista ao Jornal O Pharol na última quinta, dia 22, Cristofaro completa dizendo que tal política tem se tornado fundamental para enriquecer a programação do espaço.

“O MAMM é um museu universitário, que depende de verbas federais, depende de repasses de verbas pra UFJF. Ele tem um orçamento muito equilibrado, no sentido de ações contínuas de conservação, preservação. Mas é muito importante que a gente mantenha numa instituição como essa o que a gente chama de parcerias, com instituições congêneres, para que exposições possam transitar entre essas instituições a baixo custo”, explica.

Ele chama atenção ainda para as despesas com grandes exposições. “O problema de trazer uma grande exposição para Juiz de Fora é o custo, principalmente relacionado ao seguro de obras. Dentro deste orçamento, a gente teria também possibilidades de adquirir obras. Hoje, a gente ampliou o acervo da coleção Murilo Mendes a partir de obras modernas e contemporâneas muito fruto dessas parcerias que provém de colecionadores de instituições e artistas vivos, que se oferecem para doar obras”.

A política da instituição nos últimos anos vem sendo feita no sentido de ampliar a coleção e gerar programação. “Temos mais de 100 obras provenientes de doações e de editais que concorremos para receber essas obras”, explica Ricardo Cristofaro.

Sobre a exposição

A Galeria Virtual pode ser acessada através do site do MAMM e foi desenvolvida pelo planejador de mídia de criação visual Rodrigo Duque, como uma reconstituição do espaço físico localizado no térreo do edifício pertencente à UFJF. O espaço foi inaugurado como museu em 2005, durante o último ano do reitorado da atual prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão.

“A exposição ficará online sempre e, dentro deste projeto, inclusive, vamos fazer outras exposições. Foi criada uma maquete eletrônica desta primeira galeria, ela é quase um simulacro perfeito, e agora vamos fazer da galeria do segundo piso. Temos pensando muito nessas estratégias. As próximas mostras podem ocorrer nas galerias e também coexistirem com a versão online para que pessoas de fora da cidade possam visitá-la e ter uma visão geral dessas maquetes eletrônicas”, finaliza.