Contexto

Por que Kalil reativou a frente de prefeitos com Margarida como secretária?

Como deputada, Margarida foi recebida pelo prefeito da capital Alexandre Kalil (Foto: Facebook Margarida Salomão)

A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), deu um indicativo de como deve se portar nas eleições de 2022: ela faz parte chapa liderada pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que foi eleita na última semana para comandar a Frente Mineira de Prefeitos (FMP). Kalil será candidato ao governo de Minas e o principal adversário do governador Romeu Zema (Novo) na busca pela reeleição.

Margarida será a secretária-executiva da associação. Kalil será o presidente, enquanto o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT), será o vice.

“Com alegria, tomo posse hoje da secretaria-executiva da Frente Mineira de Prefeitos. Coloco-me à disposição para trabalhar em busca de objetivos para prefeitos e prefeitas”, disse a prefeita juiz-forana após ser eleita.

A FMP estava inativa desde o início de 2019. A entidade reúne cerca de 80 prefeituras de municípios com mais de 35 mil habitantes, mas cidades menores também podem participar dos encontros.

Oficialmente, o objetivo da reativação parte da percepção de que os prefeitos das maiores cidades de Minas precisam se unir na defesa de seus interesses. Um deles seria cobrar do governo Zema o pagamento da dívida com os municípios na área da saúde.

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) constatou que o débito pode chegar a até R$ 6,8 bilhões. A principal representante das prefeituras, neste caso, é a Associação Mineira de Municípios (AMM), que representa todas as 853 cidades do estado.

Nos bastidores, inclusive entre os aliados de Kalil, o motivo dado para a reativação da Frente Mineira de Prefeitos é outro: ele precisa se tornar mais conhecido e angariar apoio fora da região Metropolitana de Belo Horizonte, caso queira ser o próximo governador.

De acordo com uma pesquisa recente publicada pelo jornal O TEMPO, Kalil perde para Zema em quase todas as regiões de Minas Gerais. A exceção é justamente a região Metropolitana, onde a repercussão da administração da Prefeitura de Belo Horizonte é muito maior do que no restante do Estado. Na pesquisa geral, Zema tem 46,2% das intenções de voto, contra 18,8% de Kalil.

Nesse cenário, a Frente Mineira de Prefeitos servirá como pretexto e justificativa para que o prefeito de Belo Horizonte passe a fazer viagens periódicas para o interior, apresentando-se à população e aos políticos locais, não ainda como candidato, mas como presidente de uma associação que busca defender os direitos deles.

Se não houvesse a entidade, Kalil certamente seria criticado por deixar a administração da capital em segundo plano, pelo menos momentaneamente, enquanto viaja por Minas Gerais com objetivos eleitorais.

A presença na chapa da FMP não foi a única sinalização de que Margarida Salomão deve apoiar Kalil nas próximas eleições. Em julho, ela foi uma das poucas gestoras municipais convidadas a discursar em uma cerimônia promovida pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV). É dado como certo que o deputado será o vice na chapa do prefeito de Belo Horizonte ao governo de Minas.