Conjuntura

Bejani Júnior pede expulsão de Arthur do Val após áudios sobre refugiadas ucranianas

Arthur do Val desembarcou no Brasil e deve sofrer processo de expulsão do partido e de quebra de decoro na Assembleia de São Paulo (Foto: Reprodução Metrópoles)

À frente do Podemos em Juiz de Fora, o vereador Bejani Júnior pediu a imediata expulsão do deputado estadual paulista, Arthur do Val, conhecido também pelo apelido Mamãe Falei, dos quadros do partido. O pedido de providências enérgicas por parte do diretório local será encaminhado à direção nacional na próxima segunda-feira (7).

O deputado viajou à Ucrânia com a justificativa de conversar com a população local diante da guerra, contrapondo-se ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que declarou neutralidade no conflito com a Rússia. Ele chegou a fazer uma vaquinha para custear a viagem ao lado de outro líder do MBL (Movimento Brasil Livre), Renan Santos.

Na última sexta-feira (4), no entanto, o jornal Metrópoles divulgou áudios que Arthur do Val enviou aos colegas do MBL com uma série de comentários machistas sobre as mulheres ucranianas. Nas mensagens, ele afirma que as refugiadas que ele encontrou na fronteira entre a Eslovênia e a Ucrânia “são fáceis, porque são pobres”.

Bejani Júnior considerou as declarações como abjetas e inaceitáveis. “Repudio veementemente as falas extremamente sexistas do deputado estadual por São Paulo Arthur do Val. Enviaremos uma representação na segunda-feira à Executiva Nacional solicitando a expulsão imediata deste parlamentar do quadro do nosso partido”.

Ainda nesse sábado (5) a direção nacional do Podemos abriu processo disciplinar que pode levar à expulsão do deputado. Para evitar mais desgaste, políticos da sigla sugerem que ele se antecipe e saia. “Minha posição é de pedir a ele que se desligue do partido e, se não concordar, que se decida pela expulsão”, disse o senador Alvaro Dias.

Para integrantes do Podemos, se o partido não expulsar o deputado, o episódio pode prejudicar não só na candidatura do ex-juiz Sergio Moro à Presidência da República, como a de outros candidatos da legenda. Moro, por sua vez, rompeu com Arthur do Val e lamentou as declarações.

“Tenho uma vida pautada pela correção e pelo respeito a todos —tanto no campo público quanto na vida privada. Portanto, jamais comungarei com visões preconceituosas, que podem inclusive ser configuradas como crime”, disse Moro, indicando que não dividirá palanque com o deputado.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo, diversos deputados já anunciaram que irão fazer denuncias e pedir a cassação do mandato de Arthur do Val. A deputada estadual Isa Penna (PSOL) afirmou que irá entrar com uma representação contra o parlamentar, por conta das declarações. “A respeito disso, estou agora entrando com uma representação jurídica contra o Arthur”, disse nas redes sociais.

A Representação Central Ucraniana-Brasileira pediu ao presidente da Assembleia Legislativa paulista, deputado Carlão Pignatari (PSDB), a cassação do mandato de Arthur do Val. A entidade reúne organizações civis e religiosas que representam 600 mil brasileiros descendentes de ucranianos.

“O deputado Arthur do Val revelou-se uma pessoa de índole perigosa para o exercício de funções públicas onde sempre há que se tratar com mulheres em situação de vulnerabilidade”, diz a entidade no documento.

Nesse sábado (5), ao retornar ao Brasil, o deputado reconheceu o teor machista das declarações e pediu desculpas. Arthur ainda deixou claro que não vai tocar adiante sua pré-candidatura ao governo de São Paulo.