Conjuntura

Na região, católicos são mais de 90% numa cidade, e evangélicos somam 37% em outra

Imagem inspirada na capa do livro "As religiões no Brasil : continuidades e rupturas", de Faustino Teixeira e Renata Menezes.

Levantamento feito por O Pharol sobre o perfil religioso dos 33 municípios da microrregião de Juiz de Fora revela um quadro de forte predominância católica, mas com avanço notável das igrejas evangélicas em algumas cidades. Em Santa Rita do Ibitipoca, por exemplo, 92,86% da população se declara católica — o maior percentual entre todos os municípios analisados. Por outro lado, Chiador lidera em proporção de evangélicos, com 37,06%.

A tendência de manutenção do catolicismo como principal religião é evidente nos dados do Censo Demográfico de 2022. Em pelo menos 10 municípios da região, mais de 85% da população se identifica como católica. Além de Santa Rita do Ibitipoca, aparecem no topo da lista cidades como Oliveira Fortes (89,08%), Paiva (87,35%), Aracitaba (87,27%), Bias Fortes (85,38%), Olaria (85,27%) e Santa Rita do Jacutinga (85,25%).

Entretanto, o crescimento evangélico chama atenção. Em Ewbank da Câmara 32,01% dos moradores se declaram evangélicos. Percentuais elevados também aparecem em Guarará (31,76%), Pequeri (30,20%), Santana do Deserto (29,20%) e Bicas (28,83%). Em boa parte desses municípios, a diferença entre católicos e evangélicos vem diminuindo rapidamente — fenômeno já observado em outras regiões do país.

A diversidade religiosa se expressa também nas demais crenças. Juiz de Fora, por exemplo, apresenta o maior percentual de espíritas da microrregião, com 5,29% da população, seguida de Bicas (4,65%), Matias Barbosa (2,69%), Maripá de Minas (2,39%) e Santos Dumont (2,36%). Por outro lado, em Coronel Pacheco, Ewbank da Câmara e Santa Rita do Ibitipoca o espiritismo não foi mencionado como religião.

A categoria “outra religiosidade”, que engloba práticas diversas como crenças orientais e filosofias espiritualistas, também aparece com destaque em cidades como Matias Barbosa (6,87%), Guarará (4,78%), Piau (4,59%), Rochedo de Minas (4,12%) e Coronel Pacheco (4,03%).

Já a presença de Umbanda e Candomblé, embora menos numerosa, é identificada em quase todos os municípios — com os maiores índices em Chácara (1,42%) e Mar de Espanha (1,39%), Santa Bárbara do Monte Verde (1,22%), Bicas (1,19%), Juiz de Fora (1,18%) e Santos Dumont (1,18%).

O número de pessoas que afirmam não seguir nenhuma religião também aumentou. Em Pequeri, 8,05% da população se declara sem religião. Em Juiz de Fora, esse número chega a 7,72%, acompanhando uma tendência nacional de crescimento do grupo “sem religião”, especialmente entre os mais jovens.

Juiz de Fora, maior cidade da microrregião, espelha a transição religiosa em curso. Apenas 56,80% da população se declara católica, 25,30% evangélica e 5,29% espírita. Outros 7,72% afirmam não ter religião, o que faz da cidade uma das mais plurais do ponto de vista religioso em toda a Zona da Mata mineira.

Os dados mostram que, embora o catolicismo ainda seja predominante, a microrregião de Juiz de Fora caminha para um cenário de maior pluralidade religiosa, impulsionado pelo avanço evangélico e pela diversificação de crenças e identidades espirituais.