Conjuntura

Famílias juiz-foranas em situação de pobreza passaram de 14,3 mil para 24,6 mil entre 2021 e 2025

Dez por cento da população de Juiz de Fora vive em situação de pobreza, com renda familiar per capita mensal de até R$ 218. Ao todo, são 24.647 famílias, englobando 58,5 mil pessoas. Os dados são do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), do Governo Federal, divulgados na última semana durante encontro regional do fórum técnico Minas Sem Miséria, realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora e organizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O CadÚnico reúne informações socioeconômicas das famílias brasileiras de baixa renda e é utilizado como porta de entrada para programas sociais do Governo Federal. As famílias são divididas em três faixas de renda per capita mensal: pobreza (de R$ 0 a R$ 218), baixa renda (de R$ 218,01 até meio salário mínimo — R$ 759 em 2025) e renda acima de meio salário mínimo, que não dá direito ao Bolsa Família.

Em comparação com abril de 2021, quando havia 14.385 famílias (39,4 mil pessoas) em situação de pobreza, o número atual representa um acréscimo de 10 mil famílias (19,1 mil pessoas). O total de inscritos no CadÚnico, que também inclui famílias de baixa renda (com renda entre R$ 218 e meio salário mínimo per capita) e acima desse limite, também cresceu: passou de 48.784 famílias (118.107 pessoas) em 2021 para 69.320 famílias (154.906 pessoas) em 2025.

Historicamente, o maior volume de registros foi em dezembro de 2023, quando 77.214 famílias (169.118 pessoas) estavam cadastradas. O menor contingente foi em setembro de 2017, com 39.375 famílias (106.769 pessoas). A inscrição no CadÚnico indica que a família recebe ou pleiteia benefícios sociais, sendo o mais conhecido o Bolsa Família.

Em nota à imprensa, a Secretaria de Assistência Social de Juiz de Fora informou que, após redução de investimentos entre 2019 e 2021, houve reajuste de 50% no orçamento da área nos últimos anos. Dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) mostram que as despesas municipais com assistência social foram de R$ 40,8 milhões em 2019, R$ 48,1 milhões em 2020 e R$ 39,8 milhões em 2021. O valor subiu para R$ 50,8 milhões em 2022, chegando a R$ 54,9 milhões em 2023 e R$ 58,4 milhões em 2024.

Apesar do aumento absoluto, o peso da assistência social no orçamento caiu. Em 2019, o setor representava 2,51% das despesas municipais. Em 2021, o índice foi de 1,93%, subiu para 2,18% em 2022 e voltou a cair: 1,97% em 2023 e 1,74% em 2024, o menor percentual da série.

Atualização do CadÚnico

O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, anunciou que 6,4 milhões de famílias deverão atualizar seus dados no CadÚnico até fevereiro de 2026. A medida atinge beneficiários do Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Pé-de-Meia, Auxílio Gás, Tarifa Social de Energia Elétrica e outros programas vinculados.

A atualização é obrigatória por lei a cada dois anos ou sempre que houver mudança de endereço, renda ou composição familiar. A falta de atualização pode resultar em bloqueio ou suspensão do benefício.

Os avisos serão enviados por meio do aplicativo CadÚnico (ícone “envelope”), do Caixa Tem (para quem recebe Bolsa Família), por mensagens no extrato de pagamento e pela Central de Atendimento da Caixa.

As notificações ocorrerão de forma escalonada, portanto não há necessidade imediata de ir aos postos do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Quando convocadas, as famílias devem comparecer ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) ou ao órgão indicado pela gestão municipal. Famílias unipessoais poderão ser atendidas em entrevista domiciliar.

Quando atualizar o CadÚnico

É preciso atualizar o cadastro nas seguintes situações:

  • Mudança de endereço;

  • Mudança de instituição de ensino;

  • Chegada de novos moradores na residência;

  • Alteração ou perda de emprego de algum integrante da família.