O Pharol começa a ser publicado em Paraíba do Sul pelas mãos de Thomaz Cameron em 11 de setembro de 1866. Sua transferência para Juiz de Fora guarda alguns desencontros de informações por parte de jornalistas e historiadores. Em “A imprensa em Juiz de Fora”, palestra apresentada no Museu Nacional de Belas Artes, o professor e jornalista Almir de Oliveira relata que “em abril de 1871, passou a circular, impresso em Juiz de Fora, ‘O Pharol’”.
Já em a “História de Juiz de Fora”, o jornalista Paulino de Oliveira parte de uma informação contida no artigo “A imprensa”, de Heitor Guimarães, publicado no folheto “Juiz de Fora no século XIX”, de que “na Secretaria da Câmara Municipal (há) um termo de responsabilidade assinado por Thomaz Cameron em 26 de abril de 1871”. O autor, no entanto, esclarece não ter encontrado “o tal documento no livro próprio, de termos e contratos, existente no Arquivo Municipal”.
No artigo “A luz do progresso em Juiz de Fora: o jornal Pharol nas décadas de 1870-1880”, o professor e historiador James William Goodwin Jr. divulga uma nota veiculada por O Pharol em 9 de abril de 1870, colocando-se à disposição “para qualquer escripto relativo ao bem publico ou a interesses de qualquer município ou do paiz em geral. Apenas se nega à discussão da vida privada”. Para o pesquisador, a nota é determinante para colocar 1870 como o ano da transferência de O Pharol para Juiz de Fora.
“O Pharol coloca-se à disposição para qualquer escripto relativo ao bem publico ou a interesses de qualquer município ou do paiz em geral. Apenas se nega à discussão da vida privada”
Thomaz Cameron passa a propriedade do jornal a Leopoldo Augusto de Miranda em dezembro de 1873. Na ocasião, já integrava o corpo editorial da publicação o francês Georges Charles Dupin. Em seu “Álbum do município de Juiz de Fora”, Albino Esteves atribui a O Pharol uma “orientação democrática” com Cameron e liberal com Charles Dupin. O francês, que adquire a propriedade do jornal em janeiro de 1875, será responsável por sua consolidação como veículo de maior influência no município na virada do século.
Na edição de O Pharol de 28 de setembro de 1910, na coluna “O theatro em Juiz de Fora”, assinada por Lúcio D’Alva, um dos pseudônimos de Albino Esteves, introduz um novo e importante personagem nessa transição do jornal de Paraíba do Sul para Juiz de Fora. Trata-se de Álvaro Antônio Alves.
“São mortos Cameron e Charles e dos que andaram com o primeiro a procurar casa e meios de transferir O Pharol de Paraíba do Sul para aqui, talvez só eu exista. Nesse valioso empenho, porém, se é que a imprensa é um bem, como creio, todas as nossas homenagens, por termos jornal há quase meio século, devem se dirigir para o túmulo onde repousa Álvaro Antônio Alves, a cujos esforços e sacrifícios mesmo, devemos a resolução definitiva de Cameron, seu velho amigo, compadre e camarada”.
Durante a década em que Charles Dupin teve a propriedade de O Pharol, a publicação, de periodicidade semanal até 1873, passa a ser impressa duas vezes por semana no ano seguinte. Em 1882, torna-se trissemanal e, por fim, diário em 1885. O jornal circulou com quatro colunas até 1880, com cinco de 1881 a 1889 e aumentou seu formato para seis colunas a partir de outubro de 1888. A paginação consolidou-se com oito colunas em 1896.
De acordo com Albino Esteves, a publicação passou das mãos liberais de Charles Dupin às conservadoras de Lindolfo Assis, em 1885, e de José Braga, a partir de 1889. Quando a sociedade anônima organizada por Alfredo Ferreira Lage assume O Pharol em 1891, os editoriais passam a defender abertamente a monarquia. A partir de 1895, sob a direção de Diogo Pereira de Vasconcelos e Bernardo Aroeira, o jornal se torna “adepto da ideia restauradora”. A publicação retoma orientação republicana em 1897, ao ser adquirido por Bernardino Rodrigues Silva.
Passaram pela redação de O Pharol as mais destacadas figuras da época, ligadas à política e às letras de Minas: Charles Dupin, Azevedo Júnior, Oscar da Gama, Silva Tavares, Lindolfo Gomes, Heitor Guimarães (presente na maioria dos lançamentos editoriais do município), Olegário Pinto, Albino Esteves, Machado Sobrinho, Canuto de Figueiredo, Mário Magalhães, Gilberto de Alencar, Francisco Bernardino, Constantino Paletta, Cesário Alvim, Fonseca Hermes, entre outros nomes.
Almir de Oliveira descreve o apagar de O Pharol de forma decadente em 1939 em meio à ditadura de Getúlio Vargas, quando a fase nacional, coativamente, calou inúmeros veículos de comunicação brasileiros. Em Juiz de Fora, no mesmo ano, também encerrou suas atividades O Jornal do Commercio. As duas publicações eram pertencentes à viúva de Francisco Valadares, sendo Jarbas de Lery Santos responsável pelas duas redações.