Holofote

O difícil dever de casa do tarcisista Juraci Scheffer

Tarcísio Delgado é homenageado por Juraci Scheffer (Foto: Câmara JF)

O presidente da Câmara de Juiz de Fora, vereador Juraci Scheffer, completa uma década de filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT). Pela legenda, ele conseguiu voltar ao parlamento municipal em 2019, quando Roberto Cupolillo (Betão-PT), então vereador, assumiu o mandato de deputado, abrindo caminho para o suplente Scheffer.

Nas eleições de 2020, foi reeleito com a segunda votação do partido, atrás de Cida Oliveira e à frente de Laiz Perrut. A vitória da prefeita Margarida Salomão (PT) no segundo turno abriu caminho para sua chegada à Presidência da Câmara, fato inédito para um petista. Antes dele, Wanderson Castelar havia sido secretário da Mesa Diretora.

Os 3.055 votos que levaram Scheffer à reeleição e ao comando da Câmara não foram responsáveis por sua maior votação. Seu maior sucesso nas urnas veio nas eleições de 2000, quando obteve 4.547 votos com a legenda do MDB. Eleito na ocasião, foi convidado pelo então prefeito e correligionário Tarcísio Delgado para assumir o Demlurb.

O início da proximidade entre Scheffer e Tarcísio remonta a esse período. Em 2004, com as bênçãos do prefeito, o vereador e diretor do Demlurb foi alçado a candidato a vice na chapa com Sebastião Helvécio (PDT). Derrotado, Scheffer migrou para o PSB, do deputado Júlio Delgado, filho de Tarcísio. De lá só saiu para filiar-se ao PT.

Na função executiva de presidente da Câmara, Scheffer optou pelo modelo de gestão tarcisista. Retomou a ideia de planejamento estratégico dos anos 90, com promessa de novos concursos públicos e de aprimorar a prestação de serviços do Legislativo. Mesmo que para isso tenha relegado a segundo plano as atividades eminentemente legislativas.

Mas para ficar bem com o legado de Tarcísio, a quem homenageou criando uma medalha a ser entregue anualmente em reconhecimento por ações de inclusão social, Scheffer terá que equacionar a questão do funcionalismo da Casa. Com a folha de pagamento à beira do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ele precisa se equilibrar entre Ministério Público, os servidores de carreira e os cargos comissionados.

No caso do Ministério Público, a demanda é para convocar os aprovados dos últimos concursos. Há ainda “recomendação” para corte de comissionados. No caso dos servidores de carreira, a peleja é pela progressão. A maioria tem salários menores do que os de cargos em comissão. Aliás, há comissionados, no caso, os três diretores da Câmara, com salários maiores que os dos próprios vereadores.

Por fim, em defesa dos comissionados estão os 19 vereadores. Além dos oito cargos nos gabinetes, à exceção de Tallia Sobral (PSOL), os demais têm indicados de livre nomeação na estrutura da Câmara.

Tarcísio Delgado fez os maiores concursos do município e construiu o plano de carreira do funcionalismo, ainda hoje defendido com unhas e dentes por todas as categorias. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal e prefeito por três mandatos.

Scheffer está começando, ainda na vereança, mas com os olhos na Câmara dos Deputados. Para avançar, se fosse ouvir o velho Tarcísio, seria aconselhado a privilegiar aqueles que mantêm a máquina andando, ano após ano, independentemente dos ventos políticos. Foram eles que conduziram o Executivo até aqui. São eles que, se em maioria, podem trazer uma feição moderna ao Legislativo, talvez até estratégica.