Trabalhar, acreditar e ter fé. É assim que MC Dodo da Baixada (do Arado) define sua rotina desde quando começou a pandemia de Covid-19 e suas restrições. Revezando o trabalho de leiturista de consumo de energia elétrica com as composições musicais, ele acaba de lançar o clipe “Na fé”, em um forte apelo de resistência em tempos tão difíceis.
Fortemente impactado pelas mudanças impostas pela pandemia, MC Dodo deu um tempo no “proibidão” para gravar algo que atingisse “a galera que está na luta todos os dias e não tem tempo para desistir”. Nascido e criado no bairro São Benedito, sua ideia é mostrar para os amigos que é possível atravessar o atual momento sem cair.
O clipe, produzido pela Brabo Films, foi todo filmado no bairro São Benedito. A música, num ritmo mais cadenciado, retrata o difícil dia a dia da comunidade. “As coisas ficaram mais difíceis. Tem a pandemia. Tem menos emprego. As coisas estão mais caras. Então, recorri à fé para mostrar um caminho.” A ideia se traduz em um dos versos, em que fala “num mundo sem esperança, o sonho na espera de se realizar”.
Todo o apelo à resistência reflete um pouco também as dificuldades para gravar e compor a música “Na fé”. “Fiz uma opção de gravar algo diferente. Aí tive que bancar quase tudo. Então, tivemos que fazer umas adaptações. Se eu lhe falar que improvisei um estúdio áudio dentro do guarda roupas você não vai acreditar”.
MC Dodo explica, no entanto, que sem o apoio do pessoal da Brabo Films o projeto não sairia. “O pessoal veio de Belo Horizonte para fazer uns trabalhos em Juiz de Fora. Aí toparam ajudar. Isso foi determinante.” Foi o pessoal da produção que também aprovou a ideia de focar as gravações na comunidade. “Mas o visual daqui também ajuda”, explica.
A proposta do artista é seguir com essa pegada. “Escolhi essa temática justamente para as pessoas poderem se animar em casa e não desistirem”, afirma MC Dodo. “Desde o começo da pandemia, pensei em fazer músicas justamente pelo que está acontecendo. A galera está sem poder sair de casa e precisa de alguma alegria. Poder fazer chegar algum conforto para essas pessoas é o que mais quero.”