Conjuntura

Marcus Pestana: “As prévias foram um sucesso político, mas um fiasco tecnológico”

Pestana: "Reinventamos o PSDB" (Foto: George Gianni/PSDB)

Com o aval dos seus três concorrentes – o governador de São Paulo, João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio -, o PSDB retoma hoje (27) suas prévias presidenciais a partir das 8h até as 17h. A empresa Beevoter foi aprovada nos testes do partido para fornecer o novo aplicativo de votação.

As prévias do PSDB foram interrompidas no último domingo (21) devido a um problema no aplicativo de votação fornecido pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs). Mesmo cadastrados, os filiados não conseguiam votar. Em Juiz de Fora, por exemplo, foi registrado um único voto: o de Eduardo Schroder.

Um dos responsáveis pela organização das prévias, o ex-deputado Marcus Pestana conversou com O Pharol sobre o processo, considerado por ele um sucesso apenas do ponto de vista político. “O que seria a grande decolagem da nossa candidatura se transformou num dilema, um fiasco tecnológico”.

O ex-deputado revelou seu candidato e a perspectiva política futura dos tucanos. No caso de Juiz de Fora especificamente, voltou a lamentar a ausência de filiados com mandatos e anunciou os possíveis nomes para as disputas por uma cadeira na Assembleia de Minas e na Câmara dos Deputados.

Qual a sua avaliação do processo de prévias do PSDB?

Foi um sucesso. A comissão das prévias cuidou dos aspectos políticos: a organização dos debates, das regras, julgamento dos recursos impetrados pelas candidaturas. A parte tecnológica teve um grupo de trabalho específico. Até porque eu, o (senador) José Aníbal e os outros membros não somos especialistas.

 Mas a votação acabou não acontecendo no domingo.

Foi um sucesso político absoluto, antes do fiasco tecnológico. Porque é uma coisa inédita na história dos partidos brasileiros que geralmente têm dono, são autoritários, dirigidos de cima para baixo. Três ou quatro pessoas decidem e, por isso, há um desestímulo à participação das pessoas nos partidos. Por isso que a pessoa não vê muita utilidade em se filiar e participar, porque não tem acesso às decisões. Na boa tradição dos partidos europeus e americanos das democracias avançadas, o PSDB, pela primeira vez um grande partido, convoca 45 mil pessoas para uma decisão estratégica de quem vai ser seu candidato a presidente da República em 2022.

O processo teve visibilidade midiática. Internamente, como foi a mobilização?

Fizemos quatro grandes debates: um com os jornais O Globo e Valor Econômico, um com o jornal O Estado de São Paulo, um com a GloboNews  e outro com a CNN TV. Nós tivemos uma mobilização inédita de prefeitos, vereadores e deputados estaduais que nunca participaram das decisões partidárias e nos traíam porque não tinham pertencimento. Nos traíram com o (ex-presidente) Collor, com o (ex-presidente) Lula, com o (presidente) Bolsonaro porque eles não se viam partes do processo.

Mas o que mudou?

Agora é diferente. Nós temos quase cinco mil vereadores, quase mil prefeitos e vices, deputados estaduais nós temos 77. Esse núcleo tem 50% da decisão, e ele nunca participou de uma decisão nacional.  Nós reinventamos o PSDB. O partido renasceu das cinzas depois de um período de 2019 e 2020, depois da derrota do Geraldo Alckmin em 2018 (na disputa pela Presidência da República) com o pior resultado da nossa história em uma eleição disruptiva. Nós ressuscitamos, mobilizamos e projetamos nossos candidatos que são muito menos conhecidos.

E então veio o problema com o aplicativo?

Então, as prévias serviram para isso, para discutir um projeto com o Brasil nos debates e era o único caminho para a unidade. Tudo ia muito bem. A festa no domingo foi fantástica no Centro de Convenções Ulisses Guimarães. Estava lindo lá. Mas aí veio o tropeço tecnológico. O que seria a grande decolagem da nossa candidatura se transformou num dilema, um fiasco tecnológico. Isso saiu do controle. Havia instituições muito respeitadas e experientes envolvidas, mas deu errado.

O que o fornecedor do aplicativo informou para o partido?

A Universidade do Rio Grande do Sul não conseguiu dar conta, a auditoria não detectou nada ainda.  Estamos investigando e tudo indica que teve ataque hacker. Isso vai ser investigado. O (senador) Tasso Jereissati e os ex-presidentes do partido já pediram investigação à Polícia Federal. Saber o que aconteceu ainda vai levar tempo.

O PSDB de Juiz de Fora está com o Eduardo Leite?

Eu estou. O PSDB de Juiz de Fora está num processo de reconstrução e de reorganização. Nós estamos trazendo novas pessoas. O partido teve um desempenho muito ruim na eleição de 2020. É inconcebível que um partido que tinha o prefeito, o Antônio Almas, não ter feito sequer um vereador. Houve o problema da minha divergência com a corrente liderada pelo ex-prefeito Custodio Mattos, gerando uma crise no partido nos últimos anos. Houve a saída do (ex-vereador) Rodrigo Mattos, filho do Custódio, com uma disputa judicial inclusive pelo mandato.

E como está o diretório atualmente?

Estamos reconstruindo o partido em Juiz de Fora. Devemos lançar uma chapa local, com um candidato a deputado federal e uma candidata a estadual. Daniel Giotti, procurador da Fazenda Nacional, deve ser o nosso candidato a federal. E estadual deve ser a advogada Paula Assumpção.

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