Polytheama

A conversa infinita de Caetano Brasil com Pixinguinha

Caetano Brasil (Foto: Igor Tibiriçá)

No meio do dia da última sexta-feira (18), veio ao mundo uma nova nota para a história da música brasileira. Caetano Brasil compartilhou “Naquele Tempo”, o último single da série que antecede o lançamento de seu novo álbum de música instrumental, projeto que recebe o nome de “Pixinverso – Infinito Pixinguinha” – em que Caetano apresenta uma coletânea de releituras da obra de Pixinguinha, nome tão fundamental para a música popular brasileira.

Em “Naquele Tempo”, a voz da Mc e poeta Laura Conceição (que feat maravilhoso!) vem acordar o menino Caetano e o Brasil para os caminhos da sua música, o que há de mais carinhoso no meio do caos. Então encontramos o rearranjo de Caetano Brasil para a composição de Pixinguinha – eternizada com Benedito Lacerda em 1947, mas que remonta às primeiras obras de Pixinguinha, dos anos de 1910. 

Como se não bastasse o rearranjo, a interpretação impecável com seus companheiros de quarteto (com Guilherme Veroneze no piano, Adalberto Silva no contrabaixo e Gladston Vieira na bateria), e o chamado poético de Conceição para aguçar nossos ouvidos, o single vem embalado num vídeo sofisticado, as paisagens desenhadas por Bruna Bridi e animadas por Bruno Varoto, do estúdio Tei.

Sou fã de choro, Pixinguinha, Donga, João da Baiana e… da música instrumental contemporânea brasileira que os inverte e reverte nas suas composições e conversações mais instigantes. É o que Caetano Brasil se propõe a fazer ao longo de toda sua trajetória. Não à toa o dele está no topo das playlists do gênero – ao ladinho do Quarteto Ludere, do Trio Paineiras, Luísa e Natália Mitre, Yamandu Costa, Ricardo Herz, Luis Leite e tanta gente boa , diferente, mas igualmente boa. 

Achei nesse novo lançamento de Brasil a ocasião mais que perfeita para me lançar no Spot aqui de O Pharol – esse cantinho gostoso que o Breno Motta abriu e me deixou ocupar desta vez! Espero que gostem da conversa.

Indicado ao prêmio de melhor álbum instrumental do Grammy Latino em 2020, com seu trabalho “Cartografias” (2019), Caetano Brasil já contava com uma trajetória de dez anos dedicados à música. Nesse álbum celebrado, se propôs a unir o choro, gênero tipicamente brasileiro, com o jazz, com a música folclórica oriental, com ritmos latinos e de outras culturas mundo afora. Deu o maior samba!

Clarinetista, saxofonista e compositor, seu primeiro álbum, “Caetano Brasil”, foi lançado em 2015 (com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Murilo Mendes), marcando um ponto de virada ascendente na trilha de sua vida musical. Daí, se desenrolou em vários projetos, colaborações, participações, convites, turnês, até culminar na indicação ao Grammy Latino! Esse grande reconhecimento, que o próprio Caetano faz questão de destacar como sendo extensivo a todas as pessoas pretas, LGBT+ e que se dedicam à música no Brasil, principalmente fora do eixo Rio-São Paulo.

Quanto ao Grammy, digo que é uma culminação entre tantas outras. Pois, no ano anterior, Caetano foi premiado em 1º lugar no XVIII Prêmio Nabor Pires Camargo Instrumentista e também como “Melhor Instrumentista” do XIX Prêmio BDMG Instrumental, Belo Horizonte. Muitos outros virão, pois segue bem encaminhado, inclusive como diretor musical.

Caetano Brasil também conta com um berço musical e teatral, de criança acompanhava a mãe nas encenações do grupo Ponto de Partida, e logo mais tarde, depois dos estudos na Universidade de Música Popular Bituca, em Barbacena, ele mesmo passou a integrar os espetáculos e turnês do grupo. Se destacam “Ser Minas, Tão Gerais” (2014 e 2015) com participação de Meninos de Araçuaí e Milton Nascimento; “Mineiramente” (2014 e 2016), “Roda que rola” (2017) e “Presente de vô” (2013 a 2017), os dois últimos também com a participação de Meninos de Araçuaí.

Caetano também se dedica ao ensino da música em Juiz de Fora, sua cidade natal e onde reside ainda hoje. Para conhecer mais a fundo e acompanhar o trabalho dele:

Pelo instagram: @caetanobrasil, no YouTube e no Spotify.