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O fenômeno Casimiro: um case de autenticidade

Se você ainda não trombou com alguma live, notícia ou post sobre o Casimiro na internet, chegou a hora.

E por que precisamos falar sobre Casimiro? No dia 24 de janeiro, Casimiro fez história ao reunir 545 mil pessoas simultaneamente na Twitch – plataforma de lives da Amazon – para assistir ao primeiro episódio da série sobre a vida de Neymar. “O Caos Perfeito”. Foi a segunda maior live da história do país, ficando atrás apenas de Felipe Neto em 2020, com 600 mil pessoas ao vivo.

Até aqui precisamos concordar: ele é um cara relevante. Mas de onde veio? Do que vive? Como se alimenta? Isso tudo também é fácil de descobrir assistindo suas lives. E para mim, aí está a sua grande receita de sucesso.

Eu conheci o Casimiro no dia 12 de janeiro deste ano. Foi antes do estouro da live do Neymar. Mas não muito antes também. Uma amiga mandou um vídeo no nosso grupo do Whatsapp. Eu não conhecia ele, não conhecia o formato e confesso que fiquei esperando aquele momento surpreendente do vídeo. Não aconteceu. Esbocei uma risada vez ou outra e foi isso.

Enquanto isso, minhas amigas já estavam assim no grupo.

Logo depois parece que a bolha do Cazé – como também é conhecido pelos fãs – estourou bem na minha frente e eu não parava de ver e ouvir coisas sobre ele.

Vi ele reagindo ao Shark Tank, Pesadelo na Cozinha, se posicionando sobre o beijo gay do Superman, falando sobre vacinação. O cara estava ali, presente nos assuntos do meu cotidiano. Só depois eu fui saber que ele começou no esporte.

O fato é : Casimiro não só saiu da bolha como explodiu a bolha. Quer você goste ou não, o cara chegou onde muitas pessoas e veículos não conseguem chegar: falar com uma diversidade de públicos, classes, personalidades e faixas etárias.

Mas tudo tem um motivo. E eu, acredito em alguns fatores que podem ter contribuído para ele chegar até lá.

01. Entretenimento

Tá aí uma linguagem universal. Desde que o mundo é mundo que buscamos momentos de lazer e descanso. Deus descansou no sétimo dia, os romanos implementaram a política do pão e circo. E em uma sociedade que criou o termo workaholic, é unânime a busca por momentos de lazer e diversão. O formato do Cazé começa acertando aí.

2. Storytelling

Ele não só reage aos vídeos, ele também conta suas histórias e se posiciona. A linguagem fria se torna próxima e isso prende a atenção das pessoas madrugada adentro. O jeito debochado e espontâneo de reagir aos vídeos transforma qualquer tema em entretenimento. Não importa se o vídeo mostra uma mãe montando uma lancheira, o preparo de um bife Wellington, ou se fala sobre o teste de Covid-19. Com um tom de deboche e uma linguagem simples ele consegue gerar conexão.

03. Rituais e palavras sagradas

Você fala em Casimiro, alguém fala “METEU ESSA?” e quem entende se sente amigo do outro instantaneamente, graças a uma linguagem própria e uma série de referência que só quem o conhece sabe.

Usar palavras sagradas para gerar senso de pertencimento é coisa do Primal Branding, assim como criar rituais. Quer um ritual maior do que estar sempre ao vivo com a audiência reagindo a vídeos na madrugada?

Feito de forma estratégica ou não, o resultado é o mesmo: uma comunidade engajada.

04. Autenticidade

E aqui, para mim, o motivo que carrega todos os outros. Que sá, poderia ter sido o único da lista. O Casimiro Miguel é autêntico, simples e espontâneo.

 Não tem roteiro, não tem tema específico, não tem venda de curso, não tem papo de coach, não tem “lifestyle” ou fazer média. São milhões de pessoas assistindo o Cazé assistir às coisas. De tão simples, soa bizarro.

De caso pensado ou não, o cara foi na contramão: para quê criar conteúdo do zero se já tem tanta gente fazendo isso. Vou reagir ao que já tem.

Por que editar se posso fazer ao vivo?

O mercado está se preparando para a chegada da geração Z – geração sem filtros – e o Cazé já é um case pronto: natural, sem truques de edição e pautada na construção de uma comunidade que ama pertencer e se identificar.

Essa autenticidade que colocou ele lá e que provavelmente vai manter.

Confere essa entrevista para a folha de São Paulo:

 “A fama é uma ilusão. Tem famoso no meu Instagram falando para eu ir no aniversário dele… Irmão, eu nem te conheço. O que eu vou fazer lá? Que merda é essa? Faço sucesso por ser autêntico, concordo, mas o dia-a-dia tenta tirar a minha autenticidade. O sistema dos famosos é f… O Matheus Mazzafera [youtuber dos famosos] me chamou para uma entrevista. Cara, eu não sou isso. Não sou celebridade.”

Boa sorte para o Casimiro Miguel na luta por continuar sendo gente como a gente.

Se você chegou até aqui, já sabe que não pode perder tempo e estudar sobre geração Z. E claro, se comprometer diariamente para ser autêntico dentro seu negócio, prestação de serviço, empresa ou marca. Se identificou? Fica por aqui que mensalmente teremos novos conteúdos

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