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Pesquisas colocavam Kalil na liderança quando associado a Lula. Ainda há tempo?

Alexandre Kalil durante debate na TV Alterosa ( Foto: Omar Freire/Divulgação)

Até o início da campanha, no dia 16 de agosto, todos os institutos de pesquisas que questionaram os eleitores mineiros se votariam em um candidato ao governo do estado apoiado pelo ex-presidente Lula obtiveram como resposta um estrondoso sim. Isso fez aumentar e muito as apostas em Alexandre Kalil (PSD), que além do apoio do petista, tem um vice do PT, o deputado estadual André Quintão.

Passados dois terços da campanha, Kalil segue patinando nas pesquisas enquanto Lula nunca deixou de liderar em Minas Gerais. Na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira (15), o ex-prefeito de Belo Horizonte, com 25% das intenções de voto, aparece 28 pontos percentuais atrás do governador Romeu Zema (Novo), que lidera a disputa e pode vencer ainda no primeiro turno.

Questionado quanto a estagnação nas pesquisas, durante entrevista à rádio Super 91,7 FM na última semana, Kalil disse que os programas eleitorais no rádio e na TV começaram no final do agosto (no dia 26) e, portanto, há pouco tempo. Também argumentou que os eleitores se voltam para o processo eleitoral apenas na última semana da campanha.

Os mesmos argumentos foram usados por dois integrantes da coordenação de campanha de Kalil ouvidos por O Pharol. Eles também mencionaram o fato de que, nas pesquisas espontâneas, quando os nomes dos candidatos não são apresentados, boa parte dos eleitores ainda não sabe em quem votar. De acordo com o Datafolha, 40% dos mineiros ainda não definiram o voto.

O problema é que, desde quando começou a campanha, o número de indecisos nas pesquisas espontâneas vem caindo a cada rodada, saindo de 58% no dia 18 de agosto para 40% no dia 15 de setembro. No mesmo período, Kalil subiu de 11% para 15% e Zema foi de 24% para 31%. Os demais candidatos não conseguem ultrapassar a barreira dos 2%.

Mas não é apenas isso. Há um descolamento dos votos de segmentos do eleitorado lulista. Entre os mineiros, apesar de Zema ter declarado que em um eventual segundo turno nacional não apoiaria o PT, o governador e Lula lideram na parcela da população com menor renda, no eleitorado feminino e entre os católicos. Esse fenômeno vem sendo chamado “Luzema”.

Da última vez que esteve em Juiz de Fora, no início do mês de setembro, Kalil prometeu atacar o “problema”. “Essa é a mensagem que eu quero deixar aqui: quem está do lado desse governador está contra o presidente Lula. Vamos colocar isso muito claro para Minas Gerais durante esses 30 dias”. Duas semanas depois, o “problema” persiste.

Não só em Minas Gerais, mas em muitos outros estados, o voto em Lula e em candidato a governador não apoiado pelo PT vem sendo apontado por analistas como resultado da precedência das dinâmicas regionais nas disputas eleitorais. Para o eleitorado mineiro, por exemplo, a experiência do Governo Fernando Pimentel (PT) foi desastrosa e, por isso, “indefensável, como o próprio Kalil definiu.

Para alguns membros da campanha de Zema, que conversaram com O Pharol, um outro aspecto desse processo eleitoral vem chamando a atenção. Em suas andanças pelo estado, o governador vira e mexe é alertado por eleitores quanto à necessidade de ele disputar a Presidência da República em 2026. Esse apelo foi determinante para a estratégia de descolamento de Zema do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O desejo de ter um mineiro à frente do país foi trabalhado exaustivamente por Aécio Neves (PSDB), hoje deputado federal, quando esteve à frente do governo do estado. Mesma estratégia havia sido usada pelo seu avô, Tancredo Neves, e antes dele por Juscelino Kubitschek, se tornando quase uma tradição em Minas Gerais.

O próprio Kalil, quando esteve no programa “Roda Viva” ainda no final de 2020, cogitou a hipótese de ser presidente. “Modéstia nunca foi o meu forte. Você já pensou se eles quiserem me carregar até lá (à Presidência)? É claro que eu vou. ” Talvez mais do que ser o candidato do Lula, essa falta de modéstia seria um bom mote de campanha. Resta saber se ainda há tempo.