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Conjuntura

Sim, o Brasil passa fome. Em Minas são 1,7 milhão de pessoas com insegurança alimentar grave

Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome e, em 2022, essa parcela subiu para 15,5%, que representam 33 milhões de brasileiros (Foto: ActionAid/AS/PTA)

Minas Gerais possui hoje 1,7 milhão de pessoas com insegurança alimentar grave, ou seja, passando fome. Outros 3,4 milhões de mineiros enfrentam insegurança alimentar moderada, quando conseguem se alimentar mas de forma insuficiente. Nos dois casos, a fome atormenta mais os lares em que vivem crianças com menos de dez anos.

Os dados são da segunda etapa do Vigisan (Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil) e foram divulgados nessa quarta-feira (14). Em junho, a primeira fase da pesquisa mostrou que 33 milhões de brasileiros estão em insegurança alimentar grave.

Realizado pela Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), o levantamento revelou que, em números absolutos o Sudeste é a região do país com maior número de pessoas passando fome. São 6,8 milhões em São Paulo, 2,7 milhões no Rio de Janeiro e 1,7 milhão em Minas.

O Espírito Santo é o campeão brasileiro de segurança alimentar, que é quando as pessoas conseguem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. A pesquisa revelou que 61% dos capixabas vivem nessa condição. Em todo o país, a média de segurança alimentar é de 41,3%.

Entre as regiões, Norte e Nordeste são as que apresentaram piores índices. No Norte, por exemplo, 51,9% das residências onde vivem crianças passam por insegurança alimentar grave ou moderada. No Nordeste, essa média fica em 49,4%, atingindo ápice nacional no Maranhão, com média de 63,3%.

Em todo o território nacional, de uma forma geral, a fome avançou nos últimos anos. Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome. Dois anos depois, em 2020, essa parcela subiu para 9% e, em 2022, chegou aos atuais 15,5%, que representam 33 milhões de brasileiros.

Os dados que embasam a pesquisa foram colhidos a partir de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais, entre abril de 2021 e abril deste ano.

Os níveis de segurança alimentar

  • Segurança alimentar: Pessoas com acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.
  • Insegurança alimentar leve: Pessoas têm preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, com qualidade inadequada resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos.
  • Insegurança alimentar moderada: Pessoas sofrem com redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos.
  • Insegurança alimentar grave: Pessoas sofrem redução quantitativa de alimentos entre as crianças e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos.