Nesses dias de diagnóstico temerário pro craque do Brasil na Copa, você já deve ter escutado quase tudo das contusões e cortes dos escretes canarinho nos Mundiais. O mais famoso deles sendo a contusão de Pelé em 1962, quando Nilton Santos entrava no quarto do melhor de todos os tempos e dizia “vamo, vai dar”; ao mesmo tempo que corria no quarto do Amarildo O Possesso e falava “é, num vai dar pro Pelé, é contigo”. Soma-se o brilho de um Mané inspirado que assumiu com suas pernas tortas o protagonismo, pronto, tava na mão o bi.
Mas isso sempre rolou com a Seleção em Copa ou na véspera dela. O corte que mais me doeu foi o do Romário em 1998. Ciente que aquela era sua última chance de disputar o Mundial – eu teria levado em 2002, mas Felipão quis dar assinatura ao título – o Baixinho implorou pra não ser cortado. Mas não teve jeito. O choro dele na coletiva na véspera da estreia não me sai da mente.
Volto um pouquinho, quando o Brasil, em 1994, perdeu seus melhores zagueiros antes e no primeiro jogo da campanha do tetra. Pela ordem, contundiram-se Mozer e Ricardo Gomes, antes da estreia nos Estados Unidos. Ricardo Rocha se machucou no primeiro jogo, fazendo a zaga ser formada por Aldair e Márcio Santos (sim, o Brasil tinha zagueiro bom aos montes), com o possante Ronaldão na reserva.
Em 2002, no penta, foi a vez do então capitão Emerson, volante de força e boa saída de bola, se lesionar literalmente na véspera do início da caminhada. Um rachão de reconhecimento do gramado, um pulo mal dado na bola enquanto atuava no gol da pelada e o ombro saiu do lugar, abrindo espaço para a convocação de Ricardinho.
Enfim, veja que é quase condição que o Brasil perca talentos em campanhas vitoriosas nos Mundiais. Por isso, muito mais que sofrer pela perda de Neymar, é bom torcer pra que na Seleção haja um novo Nilton Santos indo no quarto dele dando força, e correndo para o do substituto imediato para dar a ele a dimensão da responsabilidade. E porque não contar com as pernas desconcertantes de Vinícius Júnior para assumir o protagonismo e trazer o hexa…
Excelente ponto de vista. Até porque um time forte precisa ter reserva fortes. Time que depende de uma meia dúzia não tem como ir muito longe.