Há um ano, no dia 24 de fevereiro de 2022, às 5h (zero hora de Brasília), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizava o início da operação de invasão da Ucrânia. Motivo: a ameaça à hegemonia dos russos na região decorrente da aproximação dos ucranianos com o Ocidente.
Um dia depois, começava a odisseia do jogador de futebol juiz-forano Guilherme Smith, de 19 anos, para conseguir deixar a Ucrânia e retornar ao Brasil. Ele é jogador do Zorya, da cidade de Luhansk, que assim como Donetsk, foram reconhecidas por Moscou como repúblicas separatistas pró-Rússia.
Guilherme Smith, que conseguiu voltar ao Brasil em março do ano passado, foi favorecido por uma decisão da Fifa, que autorizou atletas com contatos com times da Ucrânia a fazerem novos vínculos provisórios. Ele atua hoje no Braga de Portugal.
O vínculo com o time português termina em junho, quando a Fifa vai decidir se renova ou não a autorização para uma nova temporada. Caso isso aconteça, o contrato de Guilherme Smith com o Zorya chega ao fim. Ele então poderá procurar outro time ou fazer um vínculo permanente com o Braga.
A torcida de seu pai, Luiz Cláudio Coutinho, o Claudinho, é para que a Fifa reconheça que não há como os atletas retornarem para a Ucrânia. “Teve um dos jogadores que conseguiram sair de lá com o Guilherme que resolveu voltar. Quando chegou lá, ele viu que as bombas continuam caindo. Aí teve que sair de novo”.
Claudinho que morava com o filho em Luhansk por enquanto segue no Brasil. “O vínculo com o Braga é temporário, então resolvemos aguardar. Mas acompanhamos o Guilherme diariamente daqui. Ele está bem.” Se a Fifa liberar o atleta e o contrato com o time ucraniano terminar, a família voltará a ficar junta.
Guerra sem fim
A guerra já causou milhares de mortes. Os dados oficiais são escassos. Até 13 de fevereiro de 2023, 7.199 mortes de civis foram registradas na Ucrânia, além de 11.756 feridos, de acordo com o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Ainda assim, a organização afirma que “acredita que os números reais são consideravelmente maiores, pois o recebimento de informações de alguns locais onde ocorreram intensas hostilidades está atrasado e muitos relatórios ainda estão pendentes de comprovação”.
A agência para refugiados da ONU (Acnur) registrou o movimento de cerca de 7,7 milhões de refugiados da Ucrânia para vários países da Europa, incluindo a Rússia. O país com uma população de cerca de 44 milhões, já teve quase 7 milhões de pessoas se deslocando internamente – isto é, de uma região a outra.
Depois da Rússia, a maioria dos refugiados fugiu para Polônia, Alemanha e República Tcheca. A ONU (Organização das Nações Unidas) descreveu a situação como “o deslocamento populacional forçado mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial”.