O macaco é o ChatGPT, nova diversão tecnológica, desta vez amparada pela Inteligência Artificial. Mais esperto que um Pense Bem, da TecToy, e mais sensível que a Siri do iPhone, além de ter um senso crítico algoritmicamente planejado. Só não carrega sacolas depois das compras, mas isso pode mudar em pouco tempo.
Lá atrás quando a Eliza, mãe da Siri e vó da Alexia, começou a conversar com as pessoas era muito legal, coisa de história de ficção científica. Apocalípticos ou integrados que se explodam: era legal conversar com uma máquina! E foi ficando cada vez mais legal. A Skynet sabe disso.
Aos conhecedores da infinotologia O exterminador do futuro o nome não é novidade. A empresa criou os robôs que depois voltaram no tempo para matar ou proteger John Connor, ou fazer alguma coisa com algum Connor porque um ser humano dessa família poderia atrapalhar o triunfo das máquinas.
Matrix não tinha Connor algum, por isso as máquinas ganharam. E ganharam mesmo, porque terminaram o primeiro filme ameaçadas pela divindade Neo, mas os outros filmes são tão ruins que é melhor deixar que ganhem.
É o que tende a acontecer no duelo entre ChatGPT e pessoas. Nem tanto pela qualidade de texto, mas por valores morais. O ChatGPT não os tem, vai vencer.
Quem já usou o Google Tradutor uns dez anos atrás vai entender bem o exemplo: era uma bosta. Traduzia tão bem quando um estudante do nível “the book is on the table” é capaz de desbravar Nova Iorque. Porém, o programa é pautado na humildade: aprende com as correções que os outros fazem. Hoje, colocar um resumo de TCC no Google Tradutor requer apenas uma leitura depois para garantir que não escapuliu nada.
O ChatGPT tá no nível “the book is on the table”. É divertido e humilde na mesma proporção. Vai respondendo e aprendendo, elabora textos geralmente com boas ideias (ah, Platão, perdão) e repletos de falhas. Em todas as áreas. Nem tanto falhas-erros, mas falhas-clichês. O algoritmo aposta na maioria, por isso a chance do equívoco é pequena, mas a da inovação é menor ainda. Por enquanto.
Crianças no colégio e na faculdade que aprenderem a usar o programa podem até se dar bem num primeiro momento, mas depois a vida profissional vai cobrar a falta de empenho. Nenhuma novidade até aí, é igual colar em prova, faz parte do processo pedagógico.
Quando uma editora de jornal fala que “não contrata mais estagiários” a situação fica mais grave. Hoje basta o texto que responda “o que? quem? quando? como? onde? por quê?”, talvez a limitada editora requeira isso dos estagiários. O estagiário fica no veículo de comunicação para aprender, quer ser contratado um dia, se tornar repórter e depois editor do jornal.
Se o ChatGPT ou qualquer outro programa que a editora use para substituir os estagiários aprender a aprimorar os textos, a próxima substituível será ela. Ela perderá o emprego. E não somente ela. O mundo perderá qualidade de informação. As consequências disso o Brasil tem vivenciado nos últimos anos.
P.S.: Todas as palavras deste texto foram escritas com dedos no teclado e são de responsabilidade do autor que o assina e que se diverte com o ChatGPT, mas não consegue compará-lo a humanos, o que humanos também não deveriam conseguir.
P.P.S.: A editora mencionada não é do Pharol, claro.