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Conjuntura

Como Maricá se prepara para o pós-petróleo e por que Juiz de Fora deveria pensar nisso?

Viviane Marins fala com integrantes de escolas de samba do Rio de Janeiro sobre a proposta de uma universidade do samba em Maricá (Foto: Divulgação)

Maricá vai bem, obrigado! Aliás, vai muito bem. O município da região metropolitana do Rio de Janeiro lidera o ranking de inovação em programas sociais, promove expansão de escolas públicas e implantou tarifa zero no transporte público coletivo. Ainda tem moeda própria, a Mumbuca, e vai estrear na Marquês de Sapucaí em 2024 com a União de Maricá.

Por lá, na Costa do Sol, ficará o Maraey, complexo turístico e residencial com quatro hotéis cinco estrelas que começa a ser construído. O empreendimento terá o primeiro resort temático da marca Rock in Rio e a primeira universidade com a chancela da EHL (Escola de Hotelaria de Lausanne), considerada a melhor do mundo em educação executiva para hospitalidade.

Sim, estamos falando da terra dos royalties do petróleo, que em 2022 atingiu uma arrecadação de R$ 2,5 bilhões, segundo levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Isso para fazer a gestão de um município com 223.938 habitantes, conforme prévia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Por isso precisamos pensar na cidade pós-petróleo, com geração de renda e base de Economia Criativa da Codemar (Companhia de Desenvolvimento de Maricá), Viviane Marins, que esteve em Juiz de Fora em meados de abril a convite do secretário de Cultura do PT de Minas Gerais, Lucas Cassab, para falar sobre polo da moda de Maricá.

Se já há algum tempo a maioria dos países vinha trabalhado em transições para energia renovável, a questão ganhou urgência após o início da guerra na Ucrânia, que acabou comprometendo drasticamente os principais canais de fornecimento de petróleo e gás natural da Europa. O tema do pós-petróleo entrou na agenda mundial, e Maricá quer fazer o dever de casa.

Foi para pensar a cidade para além royalties do petróleo que Viviane atravessou a Ponte Rio-Niterói há oito anos e se associou à Condemar. Com formação em designer de moda, ela começou a trabalhar com o segmento. Atualmente, o setor de confecção é o segundo maior empregador da indústria de transformação do país e um dos principais responsáveis pela geração do primeiro emprego.

“O Rio de Janeiro já foi um dos maiores fornecedores de moda do Brasil e nosso projeto Universidade do samba é tornar Maricá referência no estado do Rio de Janeiro em confecção e moda sustentável”, explica Viviane. Para isso, foi assinado no final de 2022 um termo de cooperação com o Senai Cetiqt (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para criação do Pomar (Polo de Moda de Maricá).

A proposta do Pomar, segundo Viviane, é oferecer toda a parte de capacitação, qualificação e atendimentos com consultoria tanto para quem já atua na indústria da moda e busca aperfeiçoamento quanto para as pessoas interessadas pela área, mas que nem sabem por onde começar. Serão disponibilizados cursos nas temáticas de modelagem, corte e costura industrial de vestuário, pesquisa, planejamento e desenvolvimento de produtos de moda e moda circular.

As primeiras turmas serão iniciadas ainda em 2023 devem beneficiar 500 pessoas diretamente. Viviane não revelou o valor total do investimento, mas assegurou ser se tratar “do maior valor já investido por um município brasileiro para construir e consolidar a indústria da confecção e moda como geradora de emprego e renda para a população”.

Universidade do samba

Em paralelo ao Pomar (Polo de Moda de Maricá), a prefeitura trabalha para criar, no médio prazo, uma universidade do samba no município. A proposta, segundo Viviane Marins, é produzir em escala fantasias, abadás e adereços, além de formar profissionais das mais diferentes áreas para atuarem na indústria do carnaval, não são do Rio de Janeiro, mas de todo o país.

“Nas escolas de samba, por exemplo, são mobilizadas cerca de 50 profissões como costureiras, aderecistas, músicos, eletricistas e marceneiros”, explica a consultora. O projeto que está sendo construído inicialmente vai se valer da infraestrutura de confecções incrementada pelo Pomar. Já estão sendo estruturadas oficinas com artesões do carnaval carioca e paulista.