Diz a cabeça mais brilhante do cinema de Juiz de Fora, professor Mauro Pianta: “faça sorrir ou faça chorar, mas, acima de tudo, faça esperar”. A emoção da espera é muitas vezes maior do que a do acontecimento esperado, em qualquer tipo de narrativa.
Quando se cria a expectativa para um acontecimento, as pessoas não se contêm e fazem a melhor propagação de informação possível, pautada no “e se” e no “será”. É maravilhoso, porque buscam a antecipação dos fatos, que deveriam ser objetos do jornalismo e nem sempre são.
Detonaram a eleição do Deltan Dallagnol (em lulês: Delanhol) dizendo que ele só saiu do MPF para ser candidato porque seria saído por questões jurídicas se ficasse. Quando os portugueses fazem piada sobre o Brasil precisar de uma Lei da Ficha Limpa, como diz a xufentude, é sobre isso. A expectativa é de que o conge jurídico do Dallagnol, o pato sulista, se enquadre nessa lei, mas, para isso acontecer, Moro precisa se ater ao cargo para o qual foi eleito e não fugir do país.
Há também a expectativa, de longo prazo, de que o Brasil não precise mais de Lei da Ficha Limpa para eleger pessoas idôneas, mas o investimento em educação política precisa ser grande.
O G7 lançou sanções à Rússia mais severas do que muitas que já vigoravam desde o início do conflito contra a Ucrânia. Há esperanças de encerramento do conflito, ou pelo menos de que a população russa se revolte contra o Putin. O Zelensky, presidente da Ucrânia, chamou Lula para conversar, o que também pode ajudar a estabelecer diálogos que apontem para o final do conflito. No entanto, ele também conversou com o ditador da Arábia Saudita nessa busca por restabelecer a democracia. A expectativa é de que ele não tenha confundido Lula com o antecessor.
O governo tem tomado medidas e feito discursos sobre a queda do preço da gasolina, o que vem acompanhado de denúncias envolvendo a Petrobrás em períodos passados que podem levar até o ex-presidente Fernando Collor para a cadeia. As histórias passam também pelo preço do gás e por cestas básicas distribuídas em troca de alguma coisa, ou seja, abuso.
O que se espera é poder pagar uma gasolina minimamente justa, quando os postos que cobravam mais de R$ 3 no início do segundo mandato de Dilma Rousseff podiam ser evitados. Será difícil o Brasil voltar a valores como os de então, muito do que foi dilapidado pelo golpe de 2016 e seus desdobramentos sucateou diversos setores do país, mas expectativas para preços bem menores do que os de agora existem.
Isso pode incentivar mais pessoas a terem acesso ao carro popular, outro projeto que ganha campo. Nem tão popular quando nos anos que antecederam o golpe, mas por menos do que uma fortuna. Melhor seria se o preço do carro particular caísse em função da melhorias nos transportes coletivos, mas, enquanto essa proposta mais demorada não acontece, as montadoras podem conversar com o governo para melhorar o custo de produção, a ser repassado para o consumidor final.
Neste final de semana, a maior expectativa criada e não cumprida aconteceu na Itália: não teve Fórmula 1. Entrou água no calendário da principal categoria do automobilismo, o que tem acontecido com frequência desde que a quantidade de corridas aumentou substancialmente, proposta da Liberty Media, proprietária da competição.
Daqui a pouco vai ter tanta corrida e com tanta coisa dando errado que os pilotos, exaustos, vão acabar combinando resultados, como tem acontecido no futebol de forma ilegal ou com muito mais graça, como nas lutas de telecatch. Porque chuva acontece e, quanto mais corrida houver, mais chance de uma chuvarada tirar a prova do calendário. A não ser nas pistas dos países árabes democráticos.
Excelente texto! Clap clap clap clap