O sistema de abastecimento de água de Juiz de Fora é integrado pela Represa de São Pedro (140 litros/segundo), pelo Ribeirão Espírito Santo (620 litros/segundo), pela Represa Dr. João Penido (800 litros/segundo) e pela Represa de Chapéu D’Uvas (900 litros/segundo). A qualidade da água nas três represas atualmente, segundo pesquisadores da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), varia entre péssima e ruim.
As pesquisas envolvendo monitoramento ambiental e recursos hídricos foram realizadas pelo Nagea (Núcleo de Análise Geo Ambiental) ao longo dos últimos anos. Parte do material integra o livro em formato de dossiê “Represas de Abastecimento Público de Juiz de Fora: Mananciais da Vida” publicado pela Editora UFJF. O professor Cézar Henrique Barra Rocha, que é organizador da publicação, faz um apelo quanto à necessidade de fiscalização nas áreas das bacias que abastecem o município.
“As pessoas da cidade olham essas represas de um ponto de vista econômico exploratório, ou seja, querem construir nas suas margens, criar gado, praticar silvicultura e esportes náuticos, o que traz riscos futuros para o abastecimento”, explica Cézar Barra. Para ele, a baixa qualidade da água verificada hoje tem vinculação direta com a entrada de carga orgânica e sedimentos oriundos dos impactos da ação humana nas três represas.
A saída, segundo o professor, passa pela imposição de limites à especulação imobiliária nas margens e nas bacias de todas essas represas. “À medida que a água fica mais comprometida, o custo do tratamento aumenta, rebatendo no bolso do contribuinte. Além disso, existem os riscos à saúde da população oriunda de alguns elementos que não conseguem ser eliminados até mesmo no tratamento avançado.”
Cézar Barra e os professores Márcio de Oliveira e Pedro José de Oliveira Machado chamam atenção também para a predominância de pastagens nas bacias dessas represas, variando de cerca de 58% em João Penido, 52% em São Pedro e 58% em Chapéu d’Uvas, o que revela outro problema com impacto nos mananciais. Isso porque o aumento das pastagens quase sempre implica na redução das matas, atualmente com índices de apenas 13%, 22% e 28%, respectivamente, nas mesmas bacias.
Os pesquisadores fazem uma apelo na conclusão do livro quanto à necessidade de o poder público e a sociedade civil manterem a qualidade de vida e da água. “É necessário um planejamento de médio e longo prazo priorizando a proteção das áreas de captação no primeiro momento; das margens do reservatório através da manutenção das áreas de preservação permanente, no segundo momento; e, finalmente, programas de estímulo ao reflorestamento com espécies nativas nas demais áreas dessas bacias.”