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Sepse

Sepse, sépsis ou sepsia, termo comumente usado na medicina, trata de uma infecção no sangue ou nos tecidos ocasionada pela presença de micro-organismos tóxicos ou causadores de doenças. Pode causar falência de órgãos e levar ao óbito. Também conhecida como infecção generalizada, mas a etimologia é mais específica: sepsis é o grego para putrefação.

Na Hiroshima de 1945, nas palavras de Tamiki Hara, em Flores de verão.

“Dois ou três dias após a explosão, peixes mortos flutuavam no rio, mas dizem que os que os comeram não demoraram a morrer. Na época, as pessoas ao nosso lado que pareciam estar bem morreram de sepse mais tarde. Eu ainda estava atormentado por um terrível e incompreensível desassossego.”

Na Ilha das Flores de 1989, dirigido por Jorge Furtado.

O telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor permitem que os seres humanos possam plantar e colher, criar animais e tecnologias, aprimorar os métodos de produção e comercialização para que se alcance uma sociedade mais justa. Justamente para que os seres que seguem os porcos na cadeia alimentar tenham direito a buscar sua subsistência em meio à sepse.

Na Ucrânia de 2023.

A falta de tratamento psicológico eficiente pode sempre culminar em sepse, que começa nos egos de chefes de Estado e chegam às famílias das quais eles sequer sabem nome ou endereço. Amputação não é o caso no conflito em questão, a Ucrânia não faz mais parte da União Soviética de Putin. Talvez um muro barrasse a proliferação das bactérias, resta saber quais são e para que lado migram. Os regimes para emagrecimento dos conflitos têm sido paliativos, das receitas de grandes lideranças mundiais ao jejum intermitente de sanções. As consequências, como em toda guerra, serão as mesmas, e saberemos detalhes depois. Até quem vive lá entenderá só depois.

No Brasil de 2023.

O ineficiente tratamento ministrado pela medicina política após o regime ditatorial civil-militar da segunda metade do século passado permitiu a proliferação das bactérias que poderia ter sido contida por medidas mais amenas e eficazes. Uma vez constatada a infecção, importa cuidar da amputação do membro falido e seguir em tratamento intenso e minucioso para que a falência se dê por completo. Considerar a sepse de 8 de janeiro último como superadas complicações pós-operatórias é repetir a tragédia da anistia dos anos 1980. A imunoterapia deve ser mantida e sem relaxamento.