
A Prefeitura de Juiz de Fora destinou R$ 57 milhões em subsídios às empresas de ônibus do sistema de transporte coletivo urbano entre janeiro e abril de 2025. Desde a adoção da política de subvenção, em julho de 2021, o total de recursos públicos repassados ao setor ultrapassa R$ 310 milhões.
Somente entre dezembro de 2024 e o primeiro quadrimestre de 2025, os repasses somaram R$ 136,5 milhões. Caso a média mensal de desembolsos se mantenha, o volume de recursos públicos pode ultrapassar o recorde de R$ 151,6 milhões registrado em 2024.
No primeiro ano da política, em 2021, foram repassados R$ 21,5 milhões. Em 2022, o valor subiu para R$ 35,8 milhões, e em 2023, chegou a R$ 44,7 milhões. Além dos repasses diretos, as empresas também foram beneficiadas com isenção do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza).
Inicialmente adotada pela prefeita Margarida Salomão (PT) como medida emergencial para mitigar os impactos da pandemia de Covid-19, a manutenção da política de subsídios vem sendo questionada pelo Ministério Público, especialmente pela ausência de justificativas atualizadas para sua continuidade.
Embora não haja menção específica na legislação aprovada pela Câmara Municipal, a Prefeitura frequentemente associa a gratuidade das passagens aos domingos e, mais recentemente, o passe livre estudantil, ao montante subsidiado.
Levantamento de O Pharol revela que, mesmo com uma demanda ainda abaixo dos níveis pré-pandemia, a média de receita por viagem das empresas já retornou, em valores corrigidos pela inflação, aos patamares de 2019. Isso sem levar em conta a redução de custos operacionais — como a eliminação da função de cobrador — e a isenção de tributos.
Em 2024, o sistema realizou 3.025.901 viagens, transportando 84.271.883 passageiros. A receita total, considerando a venda de passagens e os subsídios públicos, alcançou R$ 380.783.663,30 — uma média de R$ 125,84 por viagem.
Esse valor representa um aumento de 21,6% em relação a 2019, quando a média era de R$ 103,46 por viagem. Naquele ano, ainda sem subsídios e com cobradores em operação, foram transportados 98.976.094 passageiros em 3.761.205 viagens, gerando R$ 389.126.968,29 em receitas majoritariamente provenientes das tarifas pagas pelos usuários.
Apesar do crescimento da receita por viagem, a recuperação da demanda não foi acompanhada por uma expansão proporcional da oferta. Em 2024, o número de passageiros transportados correspondeu a 85,14% do total de 2019, enquanto o número de viagens ficou em 80,45%. O resultado é uma combinação de menos viagens e mais passageiros, o que pode significar ônibus mais lotados para a população.