Conjuntura

Ana Pimentel: “Minha trajetória foi sempre muito articulada à da Margarida Salomão”

Ana Pimentel em três momentos: antes de assumir a Secretaria de Saúde em evento da ANDES; na campanha de vacinação; e já de saída (Fotos: ANDES e PJF)

N o último dia 4 de fevereiro, a prefeita Margarida Salomão (PT) anunciou a troca de gestão da Secretaria de Saúde, em vídeo publicado nas redes sociais. Saiu a então titular da pasta Ana Pimentel e, na mesma tarde, Ivan Chebli foi empossado. Entre a gravação do vídeo e uma outra live, Ana conversou com O Pharol por videochamada.

Deixando a secretaria, Ana anunciou sua pré-candidatura a uma cadeira na Câmara dos Deputados, algo que considera ser a continuidade do projeto político que integrou como secretária. Nas redes, já é possível ver o capital político de Ana se movimentando, com grandes nomes do PT apoiando sua candidatura. Um deles foi o da ex-presidenta Dilma Rousseff, que demonstra familiaridade com a trajetória política de “Aninha”, como a petista é chamada no partido e por quem tem intimidade.

Além disso, a pré-candidatura representa outra camada na construção de sua relação com a cidade, para onde se mudou adolescente, para cursar o ensino médio. “Uma coisa que Juiz de Fora tinha de perversa e que eu espero que a gente consiga reverter era essa exportação das mentes e dos jovens. Eles saíam pra estudar e não voltavam. Eu saí para estudar e voltei. E eu quero que o que aprendi em instituições públicas como Fiocruz, por exemplo, seja voltado para a nossa cidade e que isso possa contribuir para a melhoria da vida das pessoas que estão aqui”, diz ela, revelando ser alvo de críticas e ataques por ter construído sua trajetória política por aqui sem ser juiz-forana de berço.

Em nosso papo, que você confere abaixo, falamos sobre o desafio de ter coordenado a saúde em tempos de pandemia, sobre ser mulher na política e na vida, e sobre sua participação na gestão da primeira prefeita de Juiz de Fora. “Ser mulher ocupando uma função pública é sempre um ato de coragem, e precisamos deles para mudar a política. Felizmente a Margarida Salomão é uma das mulheres que teve essa ousadia e dedicou sua vida à política, com brilhantismo e generosidade. Isso é muito bonito e mobilizador também.”

Ao saber que como ela, também não nasci em Juiz de Fora, mas fiz da cidade minha morada, Ana Pimentel acaba deixando escapar outra motivação para sua pré-candidatura: “A gente ama Juiz de Fora, né?”. É verdade.

O prazo para desincompatibilização só deveria ocorrer em abril. Por que antecipar a saída da Secretária de Saúde?

A campanha está sendo reivindicada e construída por movimentos sociais, pelo PT, por coletivos feministas, que consideram importante ter apresentação de um projeto nesse ano que traga pautas identificadas com a campanha do (ex) presidente Lula. E também com a construção e consolidação de direitos das mulheres e ampliação de direitos sociais, que nesses últimos anos foram tão desconstruídos pelo Governo Bolsonaro. Então é uma campanha construída coletivamente, e a desincompatibilização nesse momento é exatamente para fazer essa construção com tempo, neste ano de muitas polarizações políticas, com todos estes setores que a reivindicam e constroem. Para isso, a gente achava fundamental sair do governo, porque é uma construção diferente da gestão pública. É importante lembrar que abril é o prazo máximo para a desincompatibilização, então uma vez que tínhamos a decisão de lançar a candidatura, achamos importante antecipar, para que ela fosse forte e coletiva, e para não haver confusão de projetos e propostas.

A sua saída da Secretaria de Saúde coincidiu com uma alta de casos devido à variante Ômicron. A troca de gestão pode impactar a resposta do município a este cenário?

É importante dizer que a principal resposta à pandemia na cidade veio no ano passado. Tanto com a necessidade de ações muito contundentes e que foram feitas de maneira muito rápida e efetiva, quanto em relação à organização da principal resposta, que foi a campanha de imunização. Inclusive em função da campanha de imunização, a maior parte dos casos hoje é leve e não exige internação. Ao mesmo tempo, o município tem uma estrutura para internação hoje que foi preparada também no ano passado e dá condições  de atender a este momento da pandemia. Além disso, a equipe que foi formada na Secretaria de Saúde está completamente preparada e capacitada também para responder essa situação de emergência de saúde pública, caso sejam necessárias mais ações ao longo deste próximo ano.

Existe uma preocupação grande, neste momento da pandemia, com as crianças, que retomam as atividades escolares. Como foi estruturada a vacinação para esse grupo?

Fui, inclusive, convidada para falar sobre a nossa experiência na Assembléia Estadual de Minas na quinta-feira (10), em uma audiência pública, como ex-secretária, exatamente citando o exemplo exitoso de Juiz de Fora. Temos hoje, na cidade, uma porcentagem de imunização das crianças bem acima da média estadual e da média nacional, então ela figura como uma das cidades que tem uma boa campanha de imunização infantil, assim como aconteceu com a dos adultos. A nossa estratégia tem sido centrada numa campanha de mobilização das famílias. O que acontece hoje e é uma situação desafiadora para imunização das crianças no Brasil é o fato de que foi feita uma campanha ideológica, organizada principalmente pelo governo federal, mas também por outros setores da sociedade, contrária à vacinação da criança, que criou dúvida nos pais. Então tem muitos pais com dúvidas a respeito da segurança e até da efetividade da imunização especificamente das crianças. Nesse sentido, o esforço nosso tem sido de mostrar as evidências científicas. A situação de Juiz de Fora é melhor do que a estadual e a nacional. A gente percebeu nas últimas semanas que a adesão tem aumentado, porque os pais têm identificado que mais crianças estão sendo vacinadas e ficando bem por causa disso.

Qual a sensação de deixar a Secretaria de Saúde nesse momento, com tudo que você viveu na gestão pública num ano especialmente difícil para a pasta?

Para responder isso, eu preciso dar um contexto. Quando a Margarida me convidou para assumir a Secretaria de Saúde no meio da pandemia, havia dois desafios centrais para a gente vencer na cidade. O primeiro era a resposta à pandemia. E o segundo era a gente pensar nos desafios crônicos para a saúde do município de Juiz de Fora. Então, obviamente, o primeiro passo foi organizar uma resposta contundente à pandemia. É importante dizer que ela teve vários momentos, a gente costuma tratar a pandemia como um todo, uma coisa só. Mas cada momento da pandemia exigia respostas específicas. As respostas públicas precisavam sempre ao que se tinha de evidência científica. Então, são várias pandemias dentro da pandemia. Quando a gente assumiu, o desafio maior era que estávamos com aumento do número de casos, e eles eram muito graves e tinham demandas específicas. Precisávamos com urgência de respiradores, de abrir leitos, e não qualquer leito, porque como as pessoas pioravam em questão de minutos, muitas vezes era preciso de outras especialidades médicas, com tratamento renal, cardiológico e outros. Eles exigiam leitos, exigiam respiradores, exigiam leitos inclusive com qualidade que muitos pacientes precisavam, por exemplo, de tratamento renal, cardiológico… E conseguimos dar essa resposta. Ao mesmo tempo, as vacinas chegaram na segunda metade de janeiro (de 2021). Até para alguém com muita experiência em gestão de saúde, e vivência de vários cenários, era evidente que se tratava de um momento que precisava de uma organização sanitária absolutamente diferente de tudo já visto antes.

Qual sua avaliação sobre a campanha de vacinação contra a Covid-19 no município?

A gente conseguiu ter uma resposta em Juiz de Fora à altura do desafio. Conseguimos abrir leitos, fizemos uma campanha de imunização forte na cidade. Isso foi muito decisivo ao longo do ano de 2021. Inclusive, descobri que eu adoro lidar com situações de emergência em saúde pública. Mas foi muito bom organizar a equipe da Secretaria de Saúde nesta gestão, com um corpo de técnicos que acredita muito no SUS. A gente trabalhava muito, era realmente o dia todo. Tinha uma intensidade muito grande mesmo, e necessidade de respostas muito rápidas. Houve várias situações em que eu e Margarida nos falamos às duas, três da manhã. Além disso, estudamos a Secretaria de Saúde. Eu tinha essa necessidade de modernização da gestão pública de saúde. A sede mudou para o prédio da Prefeitura, mais central, algo muito importante para dar mais agilidade à gestão. Também implantamos um sistema de trabalho híbrido – parte remota e parte presencial – para dar mais qualidade, segurança e conforto para os servidores, e mais dinamismo também. Então algumas mudanças nos processos de trabalho e também medidas estratégicas poderão passar para os próximos anos, porque grande parte das ações de saúde demora para ser implementada. E ao longo de toda minha gestão como secretária, identifiquei desafios que eram muito estruturais para a cidade, mas que dependem de respostas do plano federal.

Até porque a maior parte do financiamento do SUS é da União.

Exatamente, com isso, o desenho das políticas do SUS é federal. Os municípios executam as políticas, mas o planejamento das políticas é federal. Ao identificar isso, compreendi que um grande desafio nosso era ocupar a Câmara dos Deputados, para a gente entrar na disputa no plano federal. Então, no meu entendimento, continuo dentro do projeto de construir uma Juiz de Fora em que tudo seja para todos. Participo do mesmo campo político (da prefeita Margarida Salomão), fui secretária desse governo, tenho vínculo partidário e político com as pessoas que compõem esse governo, com a prefeita da cidade. Vou assumir outro projeto, mas o sentido dele é fortalecer o nosso projeto para Juiz de Fora e consolidá-lo, porque o município precisa de deputados que trabalhem junto com a Prefeitura para a discussão da política pública federal, para trazer emendas para a cidade, entre várias outras possíveis ações.

Quais são as bases desse seu projeto parlamentar?

Olha, a primeira questão é que nós precisamos, não só na nossa cidade, mas na sociedade como um todo, pautar a importância do SUS. Trata-se de um projeto civilizatório que traz consigo valores e princípios, que é o direito à saúde para todas e todos. Então a gente precisa fazer com que o projeto do SUS seja viável. Nós precisamos de mais financiamento. Nós precisamos, por exemplo, derrubar a emenda constitucional do teto dos gastos, que congela os recursos para o SUS (e para a educação) até 2023. Para isso, precisamos de deputados que estejam sintonizados com o projeto de aumentar o financiamento do SUS. Sabemos que tem a bancada da bala, a bancada ruralista. Precisamos da bancada do SUS, da bancada da Universidade, de deputados federais que defendam a saúde e a educação pública diante do desmonte que vem acontecendo nos últimos anos. Só assim os municípios conseguirão executar projetos, com mudança de financiamento e do desenho da política pública. Nesse momento, as políticas públicas estão absolutamente ameaçadas.

A resposta do governo federal à pandemia deixou a desejar. Isso impactou muito aqui?

Sim, o governo federal não coordenou uma resposta da pandemia para os municípios, eles tiveram que atuar isoladamente, o que trouxe muitos ônus para as prefeituras. A gente precisa ter uma bancada que realmente fale em nome daqueles e daquelas que defendem direitos, que defendem um sistema único de saúde capaz de garantir o acesso da população à saúde, principalmente a população mais pobre. Então, em Juiz de Fora, uma maneira muito concreta de articulação em âmbito federal são as emendas parlamentares. E, pelo desenho do estado brasileiro, é preciso haver uma articulação entre Executivo e Legislativo, o municipal e o federal. Tem outra coisa que não acho menos importante, que é a renovação política. Se a gente observar os quadros políticos que antecederam a gestão da Margarida, percebemos que a chegada dela à Prefeitura é um marco histórico. Por ser a primeira mulher, por ser o primeiro governo do PT, o primeiro governo assumidamente de esquerda e com uma gestão paritária, ou seja, composta meio a meio, igualitariamente, de mulheres e homens.

Teremos um dia essa paridade também nos parlamentos?

Faz muita diferença ter mulheres na política. E isso num sentido muito maior do que o de gestão pública. Qual o sentido da política? Para mim, é mudar a sociedade e construir uma que seja ancorada no cuidado e na sustentabilidade. São valores feministas e que se opõem ao que vivemos hoje, uma sociedade que é calcada no lucro. É óbvio que é um projeto de longo prazo, mas nós precisamos também entender que ter mulheres na política nos traz outra perspectiva de debates políticos. Só quando as mulheres estão no espaço público da política institucional é que temas como cuidado, trabalho reprodutivo, autonomia, corpos, e tantos outros são compreendidos como pautas políticas. Então a ocupação dos espaços da política por mulheres é um compromisso que eu acho fundamental para a construção de uma cidade, uma sociedade democrática.

Sobre a sucessão na Saúde, por que não uma mulher para dar continuidade à sua gestão, até como um ato político?

Acho importante reforçar, em primeiro lugar, que a equipe da Secretaria de Saúde, que eu montei, é majoritariamente composta por mulheres. Nós tínhamos quatro subsecretárias, dois subsecretários, a secretária adjunta, que nomeei, também mulher. Então, essa composição continua sendo a de um governo pautado pela ocupação do espaço público por mulheres. Agora, em relação à sucessão propriamente dita, acho que seria uma questão mais cabível à prefeita. Mas queria reforçar que o secretário nomeado, o Ivan (Chebli), manteve a equipe que eu tinha composto e é um sanitarista de grande relevância. É um nome extremamente técnico e muito bem legitimado na pauta da saúde pública, então foi uma excelente escolha.  E por isso mesmo ele vai, sem dúvida alguma, contribuir para (enfrentar) os desafios crônicos da saúde em Juiz de fora.

E essa discussão sobre mulheres na política leva a outro debate urgente: a violência política contra mulheres.

Todas as vezes que nós, mulheres, ocupamos espaços públicos, ainda há um entendimento que não deveríamos estar lá. Isso acontece de maneira objetiva, por exemplo, com as mulheres mães que precisam se dividir para conseguir ocupar o espaço público e cuidar da casa, e cuidar dos filhos, porque o cuidado segue sendo uma responsabilidade majoritariamente das mulheres. Então elas têm que se desdobrar para conseguir fazer dupla, tripla jornada de trabalho. Mas existem outras violências, relacionadas ao fato de mulheres estarem se expressando, que acontecem o tempo todo. Imagine: eu fui secretária de saúde de Juiz de Fora, autoridade sanitária do município. As pessoas, sobretudo os homens, se sentem muito confortáveis de me explicar coisas absolutamente básicas da minha área. Sou mestre, doutora e professora de saúde coletiva. É um tipo de violência que vê a mulher como uma tábua rasa, como alguém que não sabe o que está fazendo. Há outros tipos de violência cotidiana: não deixar você concluir sua fala, ser interrompida, não deixar você concluir o seu pensamento. Sou uma mulher que me expresso de maneira mais calma, não tenho uma voz muito pesada, e isso deixa os homens muito à vontade ao cortarem minhas falas. Então tem uma questão estética, num sentido mais amplo da palavra, de se sentirem confortáveis em passar por cima de você. A violência na política com as mulheres que exercem funções públicas é notória e evidente, e ao fim e ao cabo é o recado de que esse “espaço não é para você”.

Seguir na vida pública seria uma resposta contra isso…

Sim! Quando a gente se coloca em uma função pública, qualquer que seja, temos uma responsabilidade individual, que é “eu preciso prestar contas e responder pelas decisões”; mas uma coletiva também. Quando qualquer mulher assume um cargo público, ela é resultado de todo o esforço de todas as mulheres que a antecederam, exatamente porque a ocupação de espaço público não é natural para as mulheres. Assim, sempre que as mulheres se colocam publicamente, são caracterizadas como arrogantes, como loucas, como vaidosas. Se não é natural que elas estejam ali, algum problema elas devem ter para querer estar naquele lugar. Milito desde os 14 anos, fundei o primeiro coletivo feminista da UFJF, que é o “Maria Maria — Mulheres em Movimento”, que felizmente existe até hoje. Ao longo dessa trajetória e por ser de uma família de mulheres fortes, com humildade eu aprendi que nós chegamos juntas. E isso traz um enorme diferencial na política, uma mulher ocupando um lugar e trazendo todas as outras. É sempre um ato de coragem e ousadia. Eu brinquei, mas é sério, ao dizer que coloco a pré-candidatura com a mesma coragem que combatemos a pandemia no ano passado na Secretaria de Saúde.

O trabalho à frente da Secretaria de Saúde lhe credencia para buscar um mandato parlamentar?

Eu tenho certeza disso. Como mencionei, a construção dessa candidatura tem o sentido de fortalecimento da gestão municipal em discussões mais estratégicas, federais. A minha trajetória até chegar à Secretaria de Saúde foi sempre muito articulada à da Margarida Salomão. Eu fui presidente do DCE quando ela era reitora. Faço parte do mesmo grupo político que ela, chamado “Democracia Socialista”, entramos no mesmo dia. Então, tem uma trajetória de reflexões, debates e luta política em comum e de longa data. Tem outra questão que é a afinidade das pautas: somos professoras universitárias. O debate que venho fazendo ao longo dos últimos anos, de defesa da ciência, da tecnologia e da educação, é articulado com a trajetória da Margarida, além do fato óbvio de sermos mulheres na política. Eu acredito muito na gestão do município de Juiz de Fora, e essa gestão precisa de outro governo federal para que o seu projeto, o nosso projeto, seja viabilizado. O fato de o PT ter chegado ao governo, de termos uma gestão de esquerda, de uma mulher, não significa que a gente possa prescindir da luta política. Porque ao mesmo tempo, temos outras forças políticas organizadas que têm outro projeto para a cidade que tem outro projeto para o país.

Você falou sobre seu alinhamento com a Margarida. O presidente da Câmara Municipal, Juraci Scheffer (PT) também trabalhou com ela e já se colocou como pré-candidato a deputado federal. Como está o debate interno?

Eu acho que Juiz de Fora precisa de uma candidatura de mulher no campo progressista. Lula falou isso num seminário que fizemos recentemente, que precisamos de uma renovação na política. Então, Juiz de Fora e a Zona da Mata precisam de uma referência nesse momento que seja de mulher. O Partido dos Trabalhadores tem hoje uma grande expectativa de que o Lula tenha uma votação expressiva, e ele precisa de uma bancada forte, de candidaturas fortes. Então, gosto de pensar e trabalhar na política pensando num campo de esquerda em que as candidaturas se fortalecem. É um direito de qualquer pessoa colocar sua candidatura, sou uma democrata. Mas esse debate acontece no diretório estadual, que define a chapa. O diretório pode considerar que existe espaço para duas candidaturas que fortaleçam o PT e apresentar dois nomes para o Legislativo. A decisão do partido é a decisão do partido, é com eles.

O que se esperar da campanha eleitoral?

Acho que é importante a gente frisar que o Bolsonaro segue sendo uma força política muito forte e colonizadora do debate público. Então, a violência e a contundência do bolsonarismo seguem, inclusive com organização em massa de fake news, de uma política de desinformação organizada. Isso seguirá sendo um método muito forte do processo eleitoral ao longo deste ano. Então, no PT, nós defendemos que seja construída uma frente ampla mesmo, nosso maior desafio neste ano no Brasil é tirar o Bolsonaro. Fazer essa construção significa recolonizar o ambiente público, ocupar o debate público com outros valores, com outras discussões, outras perspectivas, com outra experiência de política. Deixar que as pessoas vivam de acordo com as suas perspectivas, identidades, orientações sexuais, e que isso não se torne passível de um ato de direcionado de violência. Precisamos permitir a construção de uma sociedade em que as diversas formas de viver sejam viáveis e não sujeitas a atos de violência.