Há praticamente três anos, Isauro Calais (MDB) está voltando para a Assembleia de Minas. Seu retorno começou ainda em 2018, durante a apuração das eleições daquele ano. Depois de figurar durante toda a apuração na lista dos 77 deputados estaduais eleitos e reeleitos, ele acabou ficando de fora por exatos 1.053 votos.
Não teve jeito. Após um mandato, Isauro ficou mesmo com a primeira suplência da coligação “Juntos por Minas”, que reunia PDT, PRB, PV, MDB e PODE. Como foram eleitos 19 deputados, era grande a chance de alguém disputar uma prefeitura em 2020 e abrir vaga para o retorno do juiz-forano.
O deputado Douglas Melo (MDB) não só disputou a Prefeitura de Sete Lagoas como permaneceu à frente na corrida sucessória durante toda a campanha. A vitória do correligionário era tão certa que houve até quem recomendasse a Isauro um terno novo para a posse. Mas Douglas tomou uma lavada e permaneceu na Assembleia.
Agora uma nova oportunidade bate à porta. No dia 30 de novembro, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sebastião Helvécio, completará 75 anos e vai se aposentar. Sua vaga é de indicação da Assembleia. Quatro parlamentares já se colocaram na disputa, três deles da coligação que elegeu Isauro.
Alencar da Silveira Jr. (PDT), Sávio Souza Cruz (MDB), Celise Laviola (MDB) e Duarte Bechir (PSD) pleiteiam a função com salário vitalício de R$ 35.462,22. Se qualquer um dos três primeiros for o escolhido, o caminho estará aberto para Isauro assumir o mandato, possivelmente a partir de janeiro de 2022.
Se matematicamente a situação de Isauro é confortável, com 75% de probabilidade de sucesso, nos bastidores da Assembleia a aposta é ainda maior. Isso porque o peso do presidente da Casa nessas escolhas acaba sendo determinante. Publicamente, Agostinho Patrus (PV) nega preferência e interferência.
Acontece que, no início deste ano, quando o Governo engordou sua base na Assembleia, os chamados blocos independentes se fundiram para ficarem com o controle das comissões da Casa. O efeito colateral da estratégia foi a extinção de uma função de líder de bloco. Cássio Soares (PSD) ou Sávio Souza Cruz teria que abrir mão.
No final das contas, coube a Cássio Soares a liderança do poderoso bloco com 40 deputados. Como prêmio de consolação, foi “acordada”, já naquela ocasião e com as bênçãos de Agostinho Patrus, a indicação de Sávio Souza Cruz para a vaga no TCE. Celise Laviola, que diz ter apoio da base governista, seria hoje sua maior concorrente.
Se a disputa mantiver essa polarização, o retorno de Isauro é iminente. Mas ainda tem jogo. Para ser eleito para a vaga do TCE, é necessário que o deputado tenha metade dos votos mais um (39) na Casa. Se ninguém alcançar essa votação na primeira chamada, é realizado o segundo turno com os dois mais votados.
A tradição na Assembleia é que um acordo seja feito entre os pretendentes à vaga e no dia da votação apenas um deputado se apresente como candidato. Porém, nessa contenda, a aposta é que não haverá postulante único e a indicação seja disputada no voto aberto. Isauro segue em Juiz de Fora, sem encomendar o terno, mas otimista.