Holofote

Hospital Regional de Juiz de Fora volta à agenda de campanha

Elaboração de diagnóstico da situação do hospital regional está suspensa (Foto: MPMG)

O secretário Estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, esteve na Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) no início da semana e em alguns municípios da região. Por aqui, previu para breve a retomada das obras do Hospital Regional de Juiz de Fora. Para ele, basta apenas a dação do terreno e benfeitorias já realizadas no espaço ao estado.

Não é bem assim. No último dia 10 de setembro, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER) suspendeu o contrato com a Lumens Engenharia, responsável pela elaboração de diagnóstico da situação da edificação do hospital regional. Técnicos do governo ainda não aceitaram o trabalho final da empresa.

O termo de dação também não é uma equação simples. Conforme a Prefeitura divulgou em julho, o município recebeu, entre 2009 e 2012, repasses do estado para a construção do hospital regional por meio dos convênios, que não tiveram suas prestações de contas aprovadas. A conta soma R$ 114 milhões.

O Governo quer pegar o terreno e as obras no estágio atual como forma de compensar o montante investido. A Câmara Municipal de Juiz de Fora e, posteriormente, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) precisam aprovar a negociação. Entre os vereadores, a conversa anda. Já entre os deputados a história será mais demorada.

Ao que parece, assegurado, por ora, apenas o recurso para a conclusão das obras. São R$ 167 milhões provenientes da indenização de R$ 37,7 bilhões que a Vale começou a pagar ao Governo de Minas como indenização pelo rompimento da barragem em Brumadinho, tragédia ocorrida em 2019 que matou 270 pessoas.

Em condições normais de tempo e temperatura, dificilmente a nova licitação para conclusão das obras será definida ainda neste ano. Para o próximo ano, no entanto, é bem provável que não apenas o processo licitatório, mas também o reinício das obras, aconteça com a presença do governador e candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo).

Antes, os deputados estaduais também em busca de reeleição vão defender a necessidade da retomada das obras. Mesmo entre os vereadores, há aqueles com pretensões de voltar às urnas em 2022, e o hospital regional pode figurar entre suas plataformas de campanha.

Nada diferente da história do Hospital Regional de Juiz de Fora. Gestado como Hospital da Zona Norte em meados da segunda administração Alberto Bejani (2005-2008), o equipamento de saúde dominou a campanha sucessória municipal de 2008. Eleito, Custódio Mattos iniciou as obras em 2010. Dois anos depois, elas foram paralisadas.

Retomadas em 2013, já com o prefeito Bruno Siqueira, foram paralisadas novamente em 2015 e definitivamente em 2017. Em todas as idas e vindas, como acontece hoje, as obras do hospital regional frequentam os programas de governos de candidatas e candidatos. De concreto, desde então, somente os recursos assegurados em virtude da tragédia de Brumadinho.

Com o dinheiro em caixa, as promessas, que são bem-vindas, poderiam contemplar a gestão do equipamento. O médico e empresário Juracy Neves, que foi provedor da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora por nove anos, tinha uma conta rápida: o custo para manutenção anual de um hospital equivale ao valor gasto para sua construção.