Meio Ambiente

Wilson Acácio será coordenador do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas

Wilson Acácio: "Estamos passando pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos e os comitês fazem o seu papel" (Foto: Reprodução Doctum TV)

Em votação realizada na última quinta-feira (25) para definir o novo colegiado coordenador, o Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH) elegeu como coordenador geral Wilson Acácio, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna. Composto por 36 comitês, o fórum tem como objetivo articular e fortalecer as delegações como parte do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos de Minas Gerais.

Além de Acácio, a chapa vencedora – Governança Hídrica e Cidadania – foi composta também por Altino Rodrigues Neto, como coordenador adjunto, e Nádia de Oliveira Rocha, para a secretaria. Neto é vice-presidente do CBH do Entorno do Lago da Represa de Três Marias e coordenador da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, enquanto Nádia é secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Inhapim.

Entre as principais propostas da chapa, está a articulação entre os diferentes setores da sociedade para assegurar o uso equilibrado da água, principal preocupação dos comitês, de acordo com Wilson Acácio. A ideia é também buscar maior reconhecimento para essas representações, visando apoio e investimentos para recuperar a qualidade das águas. Como exemplo de curso d’água que sofre com poluição, o ambientalista cita o caso do Rio Paraibuna, que hoje recebe 92% do esgoto de Juiz de Fora.

Dentro do saneamento básico, o planejamento do novo colegiado coordenador do Fórum prevê a elaboração de um Plano Estadual. Este projeto busca universalizar as prestações de serviços envolvendo os resíduos sólidos, bem como o tratamento e distribuição de água, além do tratamento de esgoto.

As propostas ainda envolvem alertar para outros temas correlatos à questão da água, como clima, solo, biodiversidade, educação, economia, entre outros. A intenção é conscientizar e sensibilizar os diferentes setores que compõem os comitês, bem como a sociedade civil, o poder público e os usuários das águas, quanto à busca por desenvolvimento sustentável.

Representação local

Para Acácio, a eleição para a coordenação do Fórum demonstra um reconhecimento da luta em prol das questões ambientais, que ocorrem desde sua atuação como professor na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e outros projetos, como o Rondon Tefé, no Amazonas. Em nível local, englobando o Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna, o ambientalista ressalta a aquisição de verbas oriundas de editais do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), de cerca de R$ 50 milhões – para projetos envolvendo a melhoria de qualidade -, bem como as denúncias sobre situação de Chapéu D’Uvas. Neste último caso, como noticiado pelo Pharol em setembro deste ano, a represa vem apresentando um processo de ocupação desordenada. O fato chama a atenção, em especial, porque o manancial, com 146 milhões de metros cúbicos de água, tem potencial para abastecer Juiz de Fora pelos próximos 50 anos.

“Fiquei muito honrado e tenho certeza que é o reconhecimento de um trabalho que a gente vem realizando nos últimos anos, seja no Amazonas, seja no Rio Doce, ou aqui (em Juiz de Fora)”, comenta Acácio. “Eu estou muito feliz em poder representar a cidade nessa questão e, é claro, isso fortalece nossas pautas porque teremos contato direto agora. Além disso, estaremos cobrando das instâncias estadual e federal o apoio aos nossos comitês (integrantes do Fórum). Estamos passando pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos e os comitês fazem o seu papel. É preciso que as autoridades reconheçam essa importância”.