Marcus Pestana, ex-secretário de Estado da Saúde, ex-deputado e ex-vereador de Juiz de Fora, pode ser o nome do PSDB para disputar o Governo de Minas. As conversas acontecem de forma intensa e são conduzidas pelo deputado federal e ex-governador, Aécio Neves (PSDB).
Mas antes de avaliar as possibilidades de Pestana entrar mesmo na corrida sucessória mineira, é preciso entender os rumos do PSDB na sucessão nacional e, o mais importante, como Aécio vem se colocando lá e cá. Para início de conversa é bom que se diga: o neto de Tancredo Neves está no jogo.
Aliados mais próximos dão conta de que, desde a decisão da Justiça Federal, no dia 10 de março, que o absolveu da acusação de recebimento de R$ 2 milhões em propina de Joesley Batista, da J&F, Aécio voltou de vez para a política. Ele mantinha atuação nos bastidores, mas agora quer voltar aos seus bons tempos.
Nesse sentido, Aécio vem dedicando todo seu tempo e energia a um só projeto: fazer do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), candidato à Presidência da República. Nessa empreitada, já obteve uma primeira vitória ao conseguir manter o gaúcho nas fileiras tucanas, depois do assédio do PSD, de Gilberto Kassab.
Seu próximo passo é remover do páreo o governador de São Paulo, João Doria, vencedor das prévias do PSDB e, por isso, com a prerrogativa de candidato do partido ao Planalto. Quanto a isso, a estratégia de Aécio é construir uma ampla composição de partidos, no que ele vem tratando como “centro democrático”, para lá na frente, de forma conjunta, indicar o candidato mais viável, no caso, Eduardo Leite.
O problema é que, nessa quinta-feira (31), Doria resolveu mexer no tabuleiro onde só Aécio parecia jogar. Sabendo da importância do Governo de São Paulo para qualquer projeto do PSDB, ele ameaçou desistir da corrida presidencial para terminar seu governo. Dessa forma, ele inviabilizaria a candidatura de seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB).
Sem o governo de São Paulo como trunfo, dificilmente os aliados – MDB, União Brasil e Cidadania – levarão a termo o propósito de Aécio de colocar Eduardo Leite como candidato viável. Nesse sentido, o que se comenta entre os paulistas, é que o vice-governador já estaria em conversas com os tucanos mineiros. Após a crise, Doria conseguiu uma carta da direção nacional do PSDB reforçando sua condição de candidato à Presidência.
Além de um excepcional palanque para seu candidato em São Paulo, as conversa conduzidas por Aécio apontam para um bom palanque para Eduardo Leite também em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. É nesse contexto que aparece o nome de Marcus Pestana.
Em recente entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, Aécio foi categórico ao afirmar que a consolidação da candidatura de Eduardo Leite implicará em desdobramentos nos estados. Ele citou como exemplo o caso mineiro. “Estamos conversando intensamente sobre isso e pode ser que, já nas próximas semanas, tenhamos novidades com o lançamento dessa candidatura em Minas Gerais, para termos melhores condições de apoiar Eduardo Leite”.
Questionado se poderia ser ele próprio o escolhido para concorrer, Aécio afirmou que “pessoalmente não pensa em ser candidato”. Em seguida, disse que o PSDB mineiro “possui quadros extraordinários que podem ser levados à consideração de outros partidos como o vice-governador Paulo Brant e o ex-secretário (de Saúde) e ex-deputado Marcus Pestana”.
Mesmo sendo apontado como uma possibilidade, a proximidade de Paulo Brant com o governador Romeu Zema (Novo), que é candidato à reeleição, limitaria e muito o discurso do PSDB como alternativa no estado. Nesse sentido, considerando seu conhecimento do estado e sua longa vida pública, Pestana vem sendo tratado como a principal opção.
Em conversa com O Pharol, Pestana foi sucinto ao falar da possibilidade de disputar o Governo de Minas. Especificamente sobre a articulação conduzida por Aécio, ele resumiu: “Está indo bem. Longa caminhada. Muita água pra passar debaixo da ponte”.