Contexto

Por enquanto, disputa mesmo entre Lula e Bolsonaro só no Norte, Sul e Centro-Oeste

Lula lidera no Nordeste, Sudeste, Norte e Sul; Bolsonaro está à frente no Centro-Oeste (Foto: Reprodução)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), nessa ordem, aparecem como os dois principais concorrentes paras as eleições de outubro deste ano em todas as regiões do país. Levantamento feito pelo cientista político e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Jairo Nicolau, a partir das quatro últimas pesquisas da Genial/Quaest, mostra a disputa mais acirrada apenas nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste.

Enquanto no Sudeste e no Nordeste, o petista conseguiu manter distanciamento sempre acima da margem de erro em relação ao atual presidente, nas demais regiões os dois trocaram de posição na liderança das intenções nas pesquisas divulgadas em abril e maio. Bolsonaro deixou a dianteira no Sul e Norte, mas conseguiu retomar o Centro-Oeste, onde o petista havia liderando apenas em um único levantamento.

Na região Norte, que concentra 7,9% do eleitorado, Lula chegou ter uma ampla vantagem, que acabou sendo reduzida no final de 2021. Em abril deste ano, ele foi ultrapassado por Bolsonaro, mas recuperou a simpatia do eleitor na região em maio e voltou a liderar a corrida, com 38% das intenções de voto contra 33% de Bolsonaro.

O mesmo aconteceu em relação à região Sul. Nesse caso, a queda de Lula foi verificada em fevereiro e março. No levantamento de abril, Bolsonaro assumiu a liderança, que foi recuperada pelo petista no último mês, mas dentro da margem de erro (41% contra 39%). O colégio eleitoral na região representa uma fatia de 14,7% do total.

Já no Centro-Oeste, única região com Bolsonaro na liderança atualmente, seu crescimento foi significativo no levantamento de maio, quando saltou de 32% para 49% das intenções de voto. Como Lula perdeu onze pontos percentuais, a diferença alcançou 18 pontos. O Centro-Oeste possui 7,3% dos eleitores brasileiros.

No Nordeste, Lula está 39 pontos porcentuais à frente de Bolsonaro. Já no Sudeste, o leve crescimento do presidente em abril não foi suficiente para consolidá-lo na disputa pelo primeiro lugar. Na última pesquisa, ele aparece com 31% das intenções de voto, contra 42% do petista.

A região Sudeste tem o maior colégio eleitoral do país, com 63,3 milhões de eleitores, o que equivale a 42,6% de todo o eleitorado brasileiro. A região Nordeste vem em seguida, com 39,8 milhões de eleitores (ou 26,8% do total). Essas duas regiões somam juntas quase 70% do total de eleitores no país.

O cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, atribuiu o desempenho de Bolsonaro no Centro-Oeste como o um espécie de retorno do eleitorado bolsonarista de 2018 que mantém a rejeição a Lula e não encontrou outra opção. “Sem uma opção de terceira via, esse eleitor está voltando para os braços do presidente”, afirmou.

Em suas redes sociais, Jairo Nicolau ponderou quanto à existência de “um pequeno, mas constante crescimento de Bolsonaro no Nordeste”. Nesse sentido, ele lembrou da importância da região para o bom desempenho do PT em âmbito nacional.

Em 2018, por exemplo, Bolsonaro conseguiu compensar a derrota sofrida no Nordeste pelo bom desempenho que obteve nos três maiores estados do Sudeste: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

No entanto, nos levantamentos realizados até agora, a grande diferença em relação as eleições de 2018, segundo Jairo Nicolau, é que o PT “retomou”  Minas Gerais e Rio de Janeiro e lidera em São Paulo, o que não acontecia desde 2002.

(No gráfico, os pontos mostram os tradicionais % dos relatórios de pesquisa; as abas mostram a margem de erro)