Contexto

Por que Lula quase cancelou sua vinda a Minas? O que sua visita muda na sucessão mineira?

Lula confirmou visita a Minas Gerais na próxima semana após pressão do PSD (Foto: PT.ORG.BR)

O ex-presidente Lula virá a Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora na próxima semana. A visita anunciada no final do mês de abril, que marca o início das caravanas do petista pelos estados, quase foi cancelada na manhã dessa sexta-feira (6).

A pressão do PSD, partido do ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato a governador, Alexandre Kalil, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e do senador Alexandre Silveira fez a cúpula petista nacional repensar a viagem. Em jogo, a aliança no estado.

Depois de filiar o presidente da Assembleia de Minas, Agostinho Patrus, e lançá-lo como candidato a vice na sua chapa, Kalil quer Alexandre Silveira como o candidato ao Senado pela composição. O PT entraria apenas com o candidato a presidente: Lula.

Sem um nome próprio para disputar o governo de Minas, que daria um palanque para o ex-presidente no estado, o PT aceitou conversar com o PSD. As conversas se arrastaram desde o final de 2021 praticamente sem nenhum avanço.

O principal entrave está na vaga de candidato ao Senado. Os petistas insistem em lançar o deputado federal Reginaldo Lopes, que lidera todas as pesquisas divulgadas até o momento. Seu nome inclusive será anunciado oficialmente como pré-candidato por Lula na próxima semana.

Além da vantagem de Reginaldo Lopes nas pesquisas eleitorais, o PT também se apoia no fato de os levantamentos apontarem o crescimento de Kalil quando associado a Lula. Já o PSD, por sua vez, argumenta que a associação com o PT pode colocar a gestão do ex-governador Fernando Pimentel (PT) na conta de Kalil.

As conversas aconteciam nesses termos até a entrada do senador Carlos Viana (PL) no jogo como pré-candidato a governador indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Com isso, a aposta na nacionalização da campanha, com Kalil de um lado com Lula e o governador Romeu Zema (Novo) do outro com Bolsonaro, ficou comprometida.

Se o PSD passou a relativizar a importância de Lula como cabo eleitoral no estado, o PT, por sua vez, viu na pulverização das candidaturas ao governo de Minas a possibilidade de contar com mais palanques. Isso porque, além de Carlos Viana, os ex-deputados Marcus Pestana (PSDB) e Saraiva Felipe (PSB) colocaram seus nomes para disputa pelo Palácio Tiradentes.

Nessa sexta-feira (6), enquanto o PSD fazia pressão para Lula não lançar a pré-candidatura de Reginaldo Lopes ao Senado, o Solidariedade, do deputado federal Paulinho a Força, acenava com a possível candidatura do ex-deputado Dinis Pinheiro ao governo de Minas. Ele e Saraiva Felipe, que foi ministro da Saúde de Lula, são palanques possíveis para o PT.

Já no fim da manhã, quando a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, anunciou pelas redes sociais a manutenção da agenda de Lula em Minas Gerais, o recado ao PSD estava dado: Reginaldo Lopes será candidato ao Senado. A vinda de Lula vai sacramentar os novos termos do PT no estado. Resta saber como o PSD vai responder, se é que vai.

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