Conjuntura

Apenas 3 deputados conseguiram se eleger saindo de Juiz de Fora com menos de 20 mil votos

Ampla maioria dos eleitos por Juiz de Fora obteve no mínimo 40% da votação junto ao eleitorado local (Foto: Divulgação/TSE)

A menos de um mês para o início das convenções para definir os candidatos para as eleições de outubro, os partidos começam a fazer contas para eleger as maiores bancadas possíveis. Juiz de Fora se prepara para lançar 30 candidaturas para deputado estadual e federal, além de dois nomes ao governo do estado: Lorene Figueiredo (PSOL) e Marcus Pestana (PSDB).

Na disputa pelo Palácio Tiradentes, o histórico de Juiz de Fora é auspicioso. Desde 1994, ou seja, nas últimas sete eleições, dois candidatos do município foram para as urnas e um saiu vitorioso. Itamar Franco (MDB) foi eleito em 1998, enquanto Tarcísio Delgado (PSB) terminou em terceiro lugar em 2014.

As estatísticas quanto à busca por uma vaga na Assembleia de Minas ou na Câmara dos Deputados são bem menos generosas com os participantes. Apenas 31 candidatos com domicílio e base eleitoral em Juiz de Fora conseguiram se eleger nos últimos 28 anos.  O deputado federal Júlio Delgado (PV) é o recordista, com cinco mandatos.

O sucesso eleitoral de Júlio Delgado e de outros deputados eleitos e reeleitos se deve em boa medida ao bom desempenho junto ao eleitorado local. Apenas três concorrentes a uma cadeira de deputado conseguiram se eleger obtendo menos de 20 mil votos em Juiz de Fora.

Sebastião Helvécio (PP) conseguiu ser eleito deputado estadual em 1994 obtendo 14.764 nas urnas juiz-foranas. Oito anos depois, em 2002, Marcello Siqueira (MDB), que havia deixado a gestão da Copasa, conseguiu se eleger deputado federal com 103.354 votos, sendo apenas 15.917 registrados em Juiz de Fora.

A partir das eleições de 2006, Marcus Pestana (PSDB) será eleito por três vezes – a primeira como deputado estadual e as outras duas como deputado federal – sempre com votação entre 15 e 20 mil votos em Juiz de Fora. Lembrando que, entre 2003 e 2010, ele exerceu a função de secretário de Saúde de Minas Gerais.

À exceção de Pestana, Marcello Siqueira e Sebastião Helvécio, todos os demais candidatos eleitos com domicílio e base eleitoral em Juiz de Fora obtiveram mais de 20 mil votos no município e completaram suas votações fora daqui. Em média, aqueles que conquistaram mandatos tiveram apoio de 57% dos juiz-foranos.

Paulo Delgado (PT), Custódio Mattos (PSDB), Alberto Bejani (PTB), Biel Rocha (PT), Sebastião Helvécio, Delegada Sheila (PL) e Noraldino Júnior (PSC) conseguiriam ser eleitos apenas com os votos obtidos em Juiz de Fora. O cálculo foi feito com base na votação obtida pelo último deputado eleito pelo partido ou coligação.

Considerando apenas o eleitorado de Juiz de Fora e os parlamentares eleitos, Custódio Mattos é o recordista de votos, com 61.351 nas eleições de 1998. Margarida Salomão (PT) obteve 66.779 no município em 2010, mas acabou ficando como suplente. Ela assumiu o mandato dois anos depois, quando Gilmar Machado (PT) foi empossado prefeito de Uberlândia.

O deputado com domicílio e base eleitoral em Juiz de Fora eleito com maior votação absoluta foi Marcus Pestana em 2010. Ele obteve 161.892 em todo estado, após ter permanecido dois mandatos à frente da Secretaria de Saúde. Antes dele, nas eleições de 2002, na chamada “onda vermelha”, quando o ex-presidente Lula foi eleito pela primeira vez, Paulo Delgado foi reeleito com 132.137 votos.

Por outro lado, Betão (PT) foi o parlamentar de Juiz de Fora eleito com o menor número de votos. Em 2018, ele chegou à Assembleia de Minas com 35.455 votos. A menor votação até então havia sido a de Sebastião Helvécio em 1994, quando obteve o mandato de deputado estadual com 40.096 votos.