Se romper a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial deste ano não tem sido fácil para nenhum dos muitos nomes da definhada “terceira via”, o mesmo não deve ocorre em Minas Gerais, onde o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), lideram com folga as pesquisas de intenção de voto.
A avaliação é do pré-candidato ao governo mineiro, Marcus Pestana (PSDB), ex-deputado e ex-secretário de Estado da Saúde. Durante lançamento de sua pré-candidatura na última sexta-feira (3) em Juiz de Fora, ele avaliou as disputas nacional e estadual como diferentes por conta dos atores envolvidos. “Lula e Bolsonaro hoje possuem seus eleitores com forte identificação e engajamento. Zema e Kalil não têm isso. A polarização entre Bolsonaro e Lula é bem diferente do que acontece entre Zema e Kalil”.
Sem a trajetória de Lula como retirante, líder sindical e presidente da República e de Bolsonaro como ícone da extrema direita, Kalil e Zema não podem falar de um eleitorado consolidado. Isso é mensurável, segundo Pestana, quando se avalia as pesquisas espontâneas. Na pesquisa DataTempo divulgada em maio, Zema liderava na espontânea com 19,5% enquanto Kalil somava apenas 8,2%.
Para tentar se aproximar dos dois líderes das pesquisas, a aposta do PSDB está no passado. O partido quer trazer para o debate as realizações das gestões Aécio Neves (2003-2010) e Antônio Anastasia (2011-2014). Nesse período, Pestana e Antônio Jorge Marques (Cidadania), que será o coordenador da campanha, estiveram à frente da Secretaria de Estado da Saúde.
Pestana também quer aproveitar a postura anti-política de Zema e Kalil para se colocar como contraponto. “Tenho 40 anos de vida pública. Comecei em 1982 como vereador em Juiz de Fora. Política é vocação. Não podemos ter um governo que não conversa com os deputados ou um prefeito em constante conflito com os vereadores. Política é busca por entendimento”, disse, numa alfinetada às dificuldades de Zema e Kalil em lidar com os parlamentos estadual e municipal.
Durante a coletiva, Pestana, que é membro do diretório nacional do PSDB, disse que o imbróglio envolvendo a posição do partido em nível nacional deve ter um desfecho na próxima quinta-feira (9). “Já estamos atrasados com isso. Estamos a quatro meses das eleições”.
Após a desistência do ex-governador de São Paulo, João Doria, de disputar a Presidência da República, setores do PSDB ainda sonham com candidatura própria. A direção nacional tucana, no entanto, caminha para uma composição com a pré-candidata do MDB, Simone Tabet, indicando o Senador Tasso Jereissati (PSDB) como candidato a vice.
A aliança deve se repetir em Minas Gerais e colocar o ex-prefeito de Uberaba, Paulo Piau (MDB), como candidato ao Senado na chapa encabeçada pelo PSDB. Há ainda acordo com o Cidadania, que faz parte da federação com os tucanos, e conversas com o União Brasil, segundo Pestana.