Holofote

Por que a “motociata” com Bolsonaro em Juiz de Fora no dia 3 de julho não vai acontecer?

Waldir Ferraz compartilha momentos pessoais com Bolsonaro em suas redes sociais (Foto: Reprodução Instagram)

O retorno do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Juiz de Fora, quatro anos após o episódio da facada em 2018, vai acontecer, mas não no próximo dia 3 de julho. A “motociata” anunciada nas redes bolsonaristas nunca chegou a ser confirmada pela assessoria do presidente e, no início desta semana, foi totalmente descartada. Nessa quinta-feira (30), o deputado federal Charlles Evangelista (PP) gravou um vídeo na porta do gabinete do presidente em Brasília negando sua participação no evento.

O encontro tinha nome – “Mega motociata em homenagem ao renascimento de Bolsonaro” – e local de concentração – as imediações do Supermercado Carrefour. A proposta era percorrer a Avenida Rio Branco, com parada em frente à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, onde Bolsonaro recebeu atendimento após o atentado.

O Pharol conversou com pessoas próximas à família do presidente e com deputados bolsonaristas mineiros que descartaram a realização da “motociata”. Algumas dessas fontes relataram que a ideia do evento não partiu do comitê político do clã Bolsonaro, que sequer tinha conhecimento da possibilidade. Outras, porém, confirmaram que houve aval.

O problema, nesse último caso, foi o apadrinhamento do evento. Conforme informação divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, Waldir Ferraz, o “Jacaré”, era quem seria o responsável pela “motociata” em Juiz de Fora. Em um vídeo que circula nas redes sociais, ele ameaça cancelar a visita de Bolsonaro à cidade pelo fato de o evento ter sido atribuído a outras pessoas.

Pré-candidato a deputado pelo PL do Rio de Janeiro, Waldir é amigo do presidente desde o fim dos anos 1980. Ele já atuou como segurança, assessor e motorista dos Bolsonaro. Até maio era assessor especial do governo fluminense, com salário bruto de R$ 12 mil.

Waldir ficou conhecido quando a revista Veja divulgou áudios nos quais ele afirma que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, foi responsável por comandar o esquema das “rachadinhas” nos gabinetes do então deputado federal Jair Bolsonaro e dos filhos Flávio e Carlos.

Em relação às “motociatas”, Waldir tem mesmo experiência com esse tipo de evento. Foi ele, por exemplo, o responsável por organizar a “motociata do Pazuello” na cidade do Rio de Janeiro em maio de 2021. Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e então general da ativa, teve a participação em ato de caráter político questionada na ocasião.

Sua presença à frente da “motociata” em Juiz de Fora, segundo as fontes ouvidas por O Pharol, acabaria por mudar o foco da cobertura do evento pela mídia. O receio quanto ao impacto político acabou forçando uma mudança de planos. Com isso, a vinda do presidente a Juiz de Fora foi adiada.

* Matéria publicada no dia 7 de junho de 2022 e atualizada às 13h30 do dia 30 de junho de 2022.