Holofote

Por que Minas Gerais se tornou uma baita dor de cabeça para Bolsonaro?

Presidente Jairo Bolsonaro pode abrir mão de palanque próprio em Minas Gerais (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O próximo sábado (2) se tornou a data limite para os aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) definirem uma estratégia eleitoral para Minas Gerais. Faltando exatos três meses para as eleições, a avaliação dos bolsonaristas é de que não há mais espaço para testar nomes. A depender da pesquisa Datafolha da próxima quinta-feira (30), o presidente pode até optar por ficar sem palanque formal no estado.

Caso o senador e pré-candidato ao governo de Minas Gerias, Carlos Viana (PL), e o deputado federal e pré-candidato ao Senado, Marcelo Álvaro Antônio (PL), não consigam ultrapassar a barreira dos 5% das intenções de voto, Bolsonaro deverá abrir mão de ter um palanque próprio na sucessão mineira. Como fez nas últimas visitas ao estado, ele vai apostar nos deputados de sua base e no “bolsonarismo”.

Da mesma forma, o presidente vai seguir com a estratégia de aproximação com o governador Romeu Zema (Novo), que tem declarado apoio ao correligionário Luiz Felipe d’Avila, pré-candidato à Presidência. A seu favor pesa a disposição de Zema de colar a desastrosa gestão do ex-governador Fernando Pimentel (PT) no seu principal adversário, Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte.

Em entrevista à rádio Super 91,7 FM nessa terça-feira (28), o governador definiu Bolsonaro como alguém que “tem lutado para o Brasil dar certo”. O presidente, por sua vez, quando esteve em Minas Gerais para a posse da diretoria da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) disse ao se referir ao governo do estado que “em time que está ganhando, não se mexe”.

Lula lidera entre os mineiros

A estagnação dos seus aliados nas pesquisas e sua próprio desempenho junto ao eleitorado mineiro têm tirado o sono de Bolsonaro. Pesquisa Datatempo divulgado no início do mês mostrou Lula na liderança com 44,8%, com o atual presidente estacionado nos 28%. A mesma pesquisa revelou que o apoio de Lula a Alexandre Kalil pode ser determinante para uma virada em relação a Zema, que hoje lidera a sucessão estadual.

Para o vice-presidente do PL, deputado federal Capitão Augusto (SP), parte do problema de Bolsonaro está em Minas Gerais. “Minas preocupa mais. São Paulo é Bolsonaro, Rio é a terra dele. Mas Minas tem setor no norte com pé na esquerda”. A referência é ao Norte de Minas e aos vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde Lula lidera todos os levantamentos com percentuais acima de 50%.

Na avaliação dos bolsonaristas de São Paulo e do Rio de Janeiro, a tradição de Minas Gerais em definir as eleições deve ser levada em conta. Desde a redemocratização, quem vence no estado conquista a cadeira do Palácio do Planalto. Com 15,7 milhões de eleitores, 11% do total, o estado é o segundo maior colégio eleitoral do país. Sob o aspecto geográfico, Minas Gerais é considerado reflexo do Brasil: integra a região Sudeste e tem divisa com estados do Nordeste e do Centro-Oeste.