Conjuntura

O desafio de pensar uma cidade conectada, sustentável, criativa e inclusiva

Em Juiz de Fora, 25% dos habitantes estão em residências fora das condições ideais, segundo pesquisa do IBGE (Foto: Leonardo Costa)

O Brasil atravessa uma confluência crises: política, econômica, social e ambiental. Os principais indicadores de todas essas áreas despertam preocupações a cada rodada de divulgação. Mas o maior nível de dramaticidade dessa grande crise conjunta se encontra nas cidades, dado o número de brasileiros profundamente afetados por ela.

Dos 212 milhões de habitantes do país, 85% moram nas cidades. Quase 600 mil pessoas vivem em Juiz de Fora, sendo que aproximadamente 25% estão em residências fora das condições ideais, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada em 2018. São famílias inteiras morando em áreas de riscos.

A chegada do transporte por aplicativo somada à pandemia e à alta dos combustíveis nocautearam o sistema de transporte público do município. Frota antiga, supressão de horários, viagens cheias e avanço dos clandestinos assombram os usuários diariamente.

Dados mais recentes do CadÚnico (​Cadastro Único) revelam que um total de 24.918 famílias vivem em situação de pobreza e de pobreza extrema em Juiz de Fora. Outras 14.755 sobrevivem com uma renda de até meio salário mínimo por mês.

Os empregos com carteira assinada no município, de acordo com informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), registraram retração de 2,35% nos cinco primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período em 2021. As vagas criadas contemplaram em sua ampla maioria homens, na faixa dos 18 a 24 anos, com ensino médio completo.

A Represa de Chapéu d’Uvas, principal manancial de abastecimento de Juiz de Fora, enfrenta um processo avançado de ocupação desordenada do seu entorno, com comprometimento da qualidade d’água. O Rio Paraibuna segue recebendo quase a totalidade do esgoto de in natura município.

Enfim, parece que nunca foi tão desafiador e necessário pensar uma cidade conectada, sustentável, criativa e inclusiva. Essa é a proposta do “Fórum Próximo Futuro” que vai reunir pesquisadores, realizadores e estudiosos dos mais diversos campos de atuação nos próximos dias em Juiz de Fora.

O evento é uma iniciativa da Prefeitura de Juiz de Fora em parceria com o Instituto Fábrica do Futuro. A proposta é construir alternativas para Juiz de Fora por meio da confluência das suas potencialidades de modo a tornar a cidade um polo internacional de Economia Criativa. 

A abertura do Fórum acontece nessa terça-feira (26), às 19h, no Teatro Paschoal Carlos Magno, com a participação da prefeita Margarida Salomão, o gerente regional do Sebrae Minas, João Roberto Lobo, e do diretor-presidente do Instituto Fábrica do Futuro, César Piva.  A programação segue na quarta-feira (27) e na quinta-feira (28) também no Teatro Paschoal Carlos Magno, com atividades pela manhã, tarde e noite. A programação pode ser acessada no site do evento.

A expectativa, segundo César Piva, é conseguir mobilizar a sociedade, os moradores de Juiz de Fora e da região. “Queremos fazer um encontro que traga gente do mundo, que esse fórum seja um marco de projeção dessa proposta, dessa missão de transformação que foi colocada, para tornar Juiz de Fora um polo internacional de economia criativa”.

Para isso, ele defendeu a necessidade de se criar um ambiente favorável para os empreendedores criativos, os atores e produtores de diversas áreas, como tecnologia, indústria instalada, moda, alimentação, eletromecânica, turismo e evento. “Podem participar todas as pessoas interessadas em construir uma perspectiva de um projeto estruturante como esse. O negócio é reunir os diversos setores e, basicamente, construir o bem-estar da população de juiz-forana.”

A prefeita Margarida Salomão (PT) lembrou que o atual momento coincide com o esgotamento de um ciclo econômico, “o do crescimento pelo crescimento”. Ainda segundo ela, o conhecimento, que é a locomotiva desse novo ciclo de desenvolvimento, é um bem comum. “Por isso, seus benefícios devem ser universalizados. São esses fatos que nos motivam a apostar no desenvolvimento da economia criativa.”

Nos próximos dias, O Pharol publica uma série de entrevistas com alguns palestrantes do evento, revelando um pouco das perspectivas para o próximo futuro e indicando um pouco de luz ao fim do túnel.