Eleições

Marina declara apoio a Lula e diz que país vive disputa entre a “democracia e a barbárie”

Ex-presidente Lula (PT) se reuniu com a ex-ministra e candidata a deputada federal por São Paulo Marina Silva (Rede) para firmar acordo e se unir em propostas em torno do meio ambiente (Foto: Ricardo Stuckert)

A ex-ministra e ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede), que nas eleições deste ano disputa uma cadeira na Câmara dos Deputados, formalizou nessa segunda-feira (12) apoio à candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ela justificou sua decisão ao alegar que o país vive uma disputa entre a “democracia e a barbárie”, onde o petista reúne as melhores condições para vencer o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), e a “semente maléfica” do bolsonarismo.

O apoio de Marina, que começou a ser celebrado na noite de domingo (11), foi anunciado publicamente em um encontro em São Paulo, no comitê de campanha de Lula. Após analisar as propostas para a área ambiental entregue pela ex-ministra, o petista se comprometeu a implementá-las em um eventual terceiro mandato.

O documento apresentado por Marina contempla, entre outros pontos, o “resgate da agenda socioambiental perdida”, com a criação de uma autoridade nacional para o enfrentamento das mudanças climáticas, além da demarcação das terras indígenas e a criação de unidades de conservação. Ela também fala da necessidade de se rever a matriz energética ainda que de forma gradual.

Além da condicionante pauta ambiental, Marina definiu o apoio a Lula como um “reencontro político e programático” diante de um quadro de graves ameaças à democracia no país e de “banalização do mal”. Lembrando que “do ponto de vista” pessoal nunca esteve longe do ex-presidente, ela justificou a reaproximação como “salvaguarda daquilo que está acima de nós”, em referência à democracia.

“Agora estamos diante de um quadro que é democracia ou barbárie. É democracia ou aniquilação dos povos indígenas. É democracia ou aniquilação do povo preto. Democracia ou destruição da Amazônia”, afirmou. Nesse contexto, “Lula reúne as melhores condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo.” Para Marina, a unidade e a democracia vão prevalecer. “Ditadura nunca mais, Bolsonaro nunca mais e o bolsonarismo será enfrentado democraticamente.”

Lula tratou a reaproximação como um ato “histórico para o PT” e enalteceu a compreensão da ex-ministra em relação ao atual momento político. “O momento que estamos vivendo exige muito mais compreensão de todas as pessoas que fazem política. Nossa democracia está fugindo pelos nossos dedos.”

Ao lado de seu vice, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), o petista criticou a política feita por Bolsonaro, de disseminar “o ódio e a violência”, e pregou a união. Especificamente sobre as propostas trazidas por sua ex-ministra do Meio Ambiente, Lula disse que vê uma “Marina muito mais calejada, experimentada e até mais ousada”. Para ele, o programa apresentado “é ousado num país que precisa levar mais a sério a questão do clima.”

O apoio de Marina, que é evangélica, é considerado um aceno maior de Lula aos eleitores evangélicos. Para ela, o país enfrenta uma situação complexa, de mistura do “fundamentalismo político com fundamentalismo religioso” e afirmou que a melhor forma de lidar com isso é “tratando a todos como cidadãos” e não como fiéis.

A ex-ministra criticou a “fake news” de que Lula fechará igrejas, caso eleito, e disse que muitos dos que propagam essa mentira frequentaram o gabinete do ex-presidente petista no passado.

Quanto à migração de votos dos candidatos da “terceira via”, fora da polarização entre o ex-presidente e o atual presidente, Marina disse que “não existe voto fixo até as urnas se fecharem”. Seu propósito é atrair os eleitores que não são bolsonaristas mas “estão iludidos que Bolsonaro possa ser alternativa ao Brasil.”

Lula reforçou que é preciso buscar o voto não só de quem apoia Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), mas também os eleitores de bolsonaristas. “Não é só o voto do Ciro e da Simone, é também o voto dos que querem votar no Bolsonaro. Vamos ter que ganhar muito dele.”