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No 2º turno, PT sempre ficou com a maioria dos votos da ‘terceira via’ em Juiz de Fora

Eleitores juiz-foranos migram para candidaturas do PT no segundo turno das eleições presidenciais (Foto: TSE)

De olho no tal do “voto útil”, quando um eleitor vota em um candidato que não é necessariamente a sua primeira opção, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta resolver a disputa eleitoral já no primeiro turno. A estratégia mira especialmente os votos de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB), que somam 11% das intenções de votos, segundo o Ipec (antigo Ibope).  Lula aparece com 48% das intenções de votos, enquanto o presidente Jair Bolsonaro tem 33%.

O mesmo instituto de pesquisa revelou que 22% dos eleitores de Simone Tebet e 21% dos eleitores de Ciro Gomes admitem praticar o “voto útil”. Caso essa parcela do eleitorado resolva mesmo mudar de candidato até domingo, as chances de Lula ficar com a maioria dos votos são grandes, pelo menos em Juiz de Fora. Por aqui, as candidaturas presidenciais do PT sempre herdaram a maioria dos votos da “terceira via”’ no segundo turno.

Em 2018, por exemplo, Bolsonaro venceu o primeiro turno em Juiz de Fora com 129.897 votos, quase o dobro de Fernando Haddad (PT), que ficou com 66.616 votos. No segundo turno, enquanto o atual presidente conseguiu ampliar sua votação em apenas 15.436 votos, o petista praticamente dobrou sua votação, conquistando mais 65.621 votos. Com isso, a margem de vitória de Bolsonaro caiu para 4,72%.

Os votos que migraram para Haddad no segundo turno correspondem praticamente à soma dos votos das candidaturas do centro para a esquerda de Ciro Gomes (PDT), com 57.757 votos, Marina Silva (Rede), com 2.998 votos, e Guilherme Boulos (PSOL), com 2.564 votos. As eleições de 2018 representaram a segunda derrota do PT em Juiz de Fora numa disputa presidencial. O partido havia sido derrotado apenas em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) venceu Lula.

Nas duas eleições da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), além de vencer no primeiro turno em Juiz de Fora nas duas ocasiões, a petista também ampliou sua votação em relação aos seus concorrentes no segundo turno. Nessa fase, em 2010, Dilma somou mais 49.656 votos, quase o dobro do seu adversário, José Serra (PSDB), que obteve mais 31.910 votos. Nessa disputa presidencial, a candidata Marian Silva, então no PV, obteve o segundo lugar no primeiro turno em Juiz de Fora com 87.358 votos.

Contra Aécio Neves (PSDB) em 2014, quando disputou sua reeleição, Dilma venceu com folga no primeiro turno com 124.992 votos. O tucano ficou com 77.822 votos e Marina Silva, que concorreu pelo PSB substituindo Eduardo Campos, morto durante a campanha em um acidente aéreo, terminou com 62.621 votos. No segundo turno, a petista herdou 61.536, ou seja, um pouco mais que o dobro dos votos herdados por Aécio, 30.135.

O caso mais emblemático da atração de votos no segundo turno em Juiz de Fora por candidaturas presidenciais do PT aconteceu em 2006, quando Lula disputou sua reeleição. Na ocasião, o adversário era Geraldo Alckmin, então no PSDB, atualmente candidato a vice na chapa de Lula pelo PSB. O petista venceu com o dobro de votos do candidato do PSDB. No segundo turno, enquanto Lula ampliou sua votação ao herdar mais 52.116 votos, Alckmin perdeu 103 votos.

Em 2003, na primeira eleição de Lula, o eleitor de Juiz de Fora concentrou votos no petista e se dividiu em relação às demais candidaturas, com Anthony Garotinho (PSB) ficando com 45.438 votos, Ciro Gomes (PPS), com 26.318 votos, e José Serra (PSDB), com 24.565 votos. O Tucano e o petista foram para o segundo turno. Lula herdou 50.825 votos das demais candidaturas enquanto Serra ficou com apenas 20.446 votos.