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Conjuntura

Sabe aquele trecho com morros na chegada de Ibitipoca? Ele não será pavimentado

Trechos considerados mais críticos por moradores não foram contemplados pelo projeto de pavimentação (Imagem: Street View/Google)

Orçada em R$ 12,6 milhões e com previsão de início das obras nos próximos dias, a pavimentação da estrada que liga o município de Lima Duarte ao distrito de Conceição de Ibitipoca deixou de fora os trechos considerados mais críticos pelos moradores. Todo o percurso passando pelos morros das Cutias e do Salto e pelas serras do Darci e da Cruz das Almas, logo após a entrada para a Fazenda do Engenho, seguirá sem intervenções.

A substituição das pontes de madeira também não está contemplada na proposta atual de pavimentação realizada pela Prefeitura de Lima Duarte com recursos do governo de Minas Gerais. Há previsão no projeto executivo apenas de “nivelamento de todo o subleito que sofrerá intervenção, a fim de deixar a base pronta para os serviços a serem posteriormente executados”.

O Pharol teve acesso às plantas do projeto executivo e aos memoriais descritivo e de cálculo da pavimentação que contemplará o calçamento em piso de concreto intertravado de 12,9 quilômetros da LMG-871 entre o km 1,4 até o km 14,3. Os demais trechos aparecem como já calçados ou com obras em andamento e, portanto, sem previsão de melhorias.

É o caso dos morros entre as serras do Darci e da Cruz das Almas que aparecem nos mapas de memorial de cálculo como já pavimentados com pedra poliédrica. De fato, as partes mais íngremes ainda mantêm boa parte de calçamento antigo, com pequenas áreas com resquício de asfalto e muitos buracos. Os trechos entre uma grande rampa e outra, no entanto, seguem em terra batida.

Em relação às pontes, O Pharol conversou com Pedro Giovanni Vieira Vidal, engenheiro da Ampar (Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paraibuna) responsável pelo projeto. Ele disse que as estruturas serão contempladas apenas em um segundo momento. No projeto atual, há previsão apenas de drenagem pluvial com meio guias de meio-fio, bueiros, sarjetas, escavação e escoramento de valas.

A ausência de intervenções nas áreas da estrada consideradas mais críticas surpreendeu os moradores do distrito. “Por que o calçamento não começa saindo do distrito e sim de Lima Duarte? Sendo que o pior trecho, que sempre dá problemas aos moradores e turistas é na serra final”, questionou a professora e moradora de Conceição de Ibitipoca, Danielle Arruda.

Ela disse que, quando os moradores ficaram sabendo que seriam pavimentados apenas 13 quilômetros, houve um questionamento em relação ao fato de os piores trechos não terem sido contemplados. “Nós enquanto moradores não temos qualquer notícia do porquê essa escolha do trecho a ser calçado foi feita da forma que foi”.

Márcio César Moreira, o Tilema Pires, que é morador e construtor no distrito, explicou que, conforme o anunciado até agora, o trecho a ser pavimentado será entre “o Laticínio Serra Negra até entrada da Cachoeira Conga”. Mas os moradores, segundo ele, querem que a pavimentação alcance primeiro as partes de difícil acesso.

“O trecho das serras do Darci e Cruz das Almas está calçada de pedras fincadas, chamado pé de moleque. Necessita o novo calçamento, pois está em estado lastimável”, lamentou. Além dos morros do Salto e das Cutias, localizado entre as duas serras, que não possuem qualquer tipo de pavimentação. Segundo Tilema Pires, há uma informação de que se buscaria mais recursos para essas áreas.

O Pharol questionou a Prefeitura de Lima Duarte quanto ao critério de escolha dos trechos a serem pavimentados, bem como se há previsão de novas intervenções nos pontos considerados mais críticos. Também quis saber sobre a substituição das pontes ao longo da estrada. A assessoria de comunicação ficou de conversar com os setores responsáveis, mas não respondeu.

Questionada sobre a ausência dos trechos mais críticos da estrada do projeto de pavimentação, a presidente da Amai (Associação de Moradores e Amigos de Ibitipoca), Nathalie (Naná) Borges, informou que não tinha informações até aquele momento.

Para a professora Danielle Arruda, a situação atual dos moradores é um misto de satisfação e decepção. “As pessoas aqui se acostumaram a ter tão pouca atenção do poder público e conviver com a estrada em péssimas condições. Dessa forma, o calçamento que for feito já é visto como ‘lucro’. No entanto, existe a decepção pelo fato de o pior trecho não ser contemplado e das notícias afirmarem que a estrada será calçada”.