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Conjuntura

Prefeitura e associação divergem sobre conhecimento do teor do projeto para Santa Luzia

Primeira reunião da Mesa de Diálogo e Negociação de Conflitos sobre os alagamentos em Santa Luzia aconteceu no dia 10 de janeiro de 2022 na Prefeitura (Foto: PJF)

A Prefeitura de Juiz de Fora discordou das críticas feitas por dirigentes da associação de moradores de Santa Luzia quanto ao desconhecimento sobre o projeto para resolver os alagamentos no bairro. Na última segunda-feira (30), durante o programa “Põe na Roda”, da Rádio Alô FM, Ary Raposo e Victor Costa, que integram a diretoria da entidade, afirmaram que a proposta do Executivo não chegou a ser apresentada para eles.

“Nos chamaram (a associação) lá para compor a Mesa de Diálogo, mas depois da primeira reunião ninguém nunca mais falou nada. Então, não conhecemos o projeto, não fomos ouvidos”, disse Ary Raposo na ocasião. Para tentar contornar a ausência de informações, ele ainda relatou que cobraria dos vereadores uma discussão detalhada do projeto na Câmara Municipal para saber de sua viabilidade técnica e financeira.

Por meio de uma primeira nota, a Prefeitura de Juiz de Fora informou, ainda na segunda-feira (30), que “a discussão foi feita dentro das cinco reuniões da Mesa de Diálogo e Negociação de Conflitos sobre os alagamentos em Santa Luzia, todas realizadas durante o ano passado”. Nessa terça-feira (31), em nova nota, foi detalhado que as reuniões aconteceram de forma presencial (2) e remota (2).

A primeira reunião, quando foi instalada a Mesa de Diálogo e Negociação de Conflitos, aconteceu no dia 10 de janeiro de 2022 de forma presencial. No dia seguinte, o grupo voltou a se encontrar, mas de forma remota. As outras duas reuniões aconteceram nos dias 9 de fevereiro e 7 de março e mantiveram a alternância do modelo: uma presencial e outra remota.

Sete meses depois, no dia 6 de outubro, aconteceu o último encontro, quando foi feita a apresentação do projeto de forma presencial. Representou a associação dos moradores na ocasião o engenheiro e morador do bairro, José Augusto. Conforme justificativa apresentada ao grupo, Ary Raposo não compareceu por ter sido diagnosticado com Covid-19.

A Prefeitura de Juiz de Fora ainda informou que foi realizada uma apresentação geral do projeto para diversos engenheiros do município, com a participação da prefeita Margarida Salomão (PT), no dia 19 de outubro.

Procurado por O Pharol, Ary Raposo disse que na reunião para apresentação do projeto foram mostradas apenas algumas diretrizes. “Não passaram nenhum documento, nenhuma planta, nada.” Quanto à participação da associação na Mesa de Diálogo e Negociação de Conflitos, ele informou que não houve espaço e tempo para os moradores apresentarem qualquer tipo de colaboração.

O dirigente da entidade insistiu, por fim, que, como foi feito com os engenheiros, a proposta da associação é de que a prefeita se reúna com os moradores no bairro para explicar a proposta. Segundo ele, por conta de eventuais transtornos da obra, é preciso detalhar as condições e os prazos para sua realização. “Estão fazendo uma obra aqui (implantação de coletor tronco de esgoto) que duraria um mês e já passaram sete meses. Isso a gente não quer mais”.

Orçada em R$ 187 milhões, a proposta para conter os alagamentos em Santa Luzia prevê o alargamento e aprofundamento da calha do córrego Ipiranga, com o início das obras na parte próxima ao deságue no rio Paraibuna. As intervenções integram as chamadas “grandes obras” de drenagem que serão implementadas no município ao custo total de U$ 80 milhões (R$ 420 milhões). O valor será viabilizado pela Prefeitura de Juiz de Fora por meio de financiamento internacional.