De todo o esgoto coletado nos domicílios juiz-foranos em 2021, apenas 5,93% receberam algum tipo de tratamento. Embora o índice seja 1,1% melhor do que o de 2020, Juiz de Fora segue com o 7º pior índice de tratamento de esgoto entre as cem maiores cidades do país. Diariamente o Rio Paraibuna recebe o equivalente a 33 piscinas olímpicas de esgoto não tratado. Os dados são da edição de 2023 do “Ranking Saneamento” feito anualmente pelo Instituto Trata Brasil e divulgado na nessa segunda-feira (20).
O levantamento foi feito a partir das informações do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) do Ministério do Desenvolvimento Regional referentes ao ano de 2021. As notas são atribuídas a cada um dos cem municípios brasileiros mais populosos de acordo com indicadores definidos pelo Trata Brasil. De uma forma geral, as cidades com maiores índices de fornecimento de água, de coleta e tratamento de esgoto estão mais bem posicionadas no ranking.
No caso de Juiz de Fora, seu pior desempenho já há alguns anos envolve o tratamento de esgoto. O município nunca deixou de figurar entre os dez piores do segmento. Em todo o país, 51,2% dos esgotos gerados em média são tratados. Esse percentual chega a 63,30% quando apenas as 100 maiores cidades são consideradas. Alcançar e manter os bons indicadores, segundo o Trata Brasil, tem relação direta com o nível de investimentos.
Em maio do ano passado, em entrevista para o jornal Tribuna de Minas o diretor-presidente da Cesama, Júlio César Teixeira, informou que, com a inauguração da elevatória Independência, o índice de tratamento de esgoto de Juiz de Fora saltaria para 42,5% em maio, e, em dezembro, alcançaria 47,5%. Os dados de 2022 aparecerão apenas em 2024 no “Ranking do Saneamento” do Trata Brasil.
Questionado por O Pharol se a previsão se manteve, a Cesama informou que “chegou a tratar 31% do total de esgoto gerado na cidade” em maio de 2022. A meta de alcançar o índice de 42,5% ainda em meados do ano passado deve ser concretizada apenas no final de 2023. Já os 47,5% de tratamento de esgoto previstos até o segundo ano da atual gestão não foram mencionados na resposta da Cesama.
O baixíssimo volume de esgoto tratado interfere na posição de Juiz de Fora no ranking geral do Trata Brasil. Assim como na edição de 2022, também neste ano o município figura na parte de baixo da tabela, estagnado na 70ª posição. Considerando apenas as cidades mineiras que fazem parte do levantamento, Juiz de Fora fica em último lugar atrás de Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, Belo Horizonte, Contagem, Betim e Ribeirão das Neves.
Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil, considera o tratamento dos esgotos como o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. “Imagine o volume de 5,5 mil piscinas olímpicas . Essa é a carga poluente de esgoto não tratado no Brasil despejado irregularmente nos rios, mares e lagos todos os dias (quase 2 milhões de piscinas olímpicas por ano), que corrobora para a degradação do meio ambiente e, principalmente, impacta negativamente a saúde da população”.